A Petrobrás anunciou nesta sexta-feira (22) que irá analisar a proposta do Fundo Mubadala para o estabelecimento de parcerias estratégicas para o desenvolvimento do chamado downtream no Brasil. São basicamente duas propostas que serão analisadas e que podem colocar a estatal como acionista majoritária e controladora da Usina de Biorrefino próxima a Salvador, que o fundo dos Emirados Árabes ainda não tirou do papel, e da Refinaria de Materipe, em São Francisco do Conde (BA) que antes de ser vendida aos árabes se chamava Refinaria Landulpho Alves (RLAM).
De acordo com Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, o acordo atende aos interesses tanto da Petrobrás como do fundo Mubalada. No caso da estatal, está de acordo com as novas diretrizes da empresa, de reestatizar ativos vendidos durante o Governo Bolsonaro – uma promessa de campanha do presidente Lula.
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Já em relação ao fundo Mubadala, é interessante flexibilizar o negócio, uma vez que a operação está custosa com a importação de petróleo bruto dos Emirados Árabes e a entrega de um produto final caríssimo para a população baiana que faz os árabes perderem mercado em áreas onde a gasolina do sistema Petrobrás chega em maior oferta.
Bacelar, que começou sua trajetória como petroleiro na própria RLAM comemora a notícia. Ele avalia que as chances de a Petrobrás recuperar a refinaria na condição de controladora e acionista majoritária são altas.
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“Tive a oportunidade de entrar para a Petrobrás em 2006 justamente na refinaria Landulpho Alves em Mataripe, a RLAM. E hoje, dia 22 de dezembro, nós tivemos uma excelente notícia: o fundo Mubalada, o fundo soberano dos Emirados Árabes, propõe à Petrobrás parceria estratégicas tanto na biorrefinaria que está prestes a ser construída, como também na nossa refinaria RLAM, que hoje está sendo chamada de Refinaria Mataripe,” explicou.
A RLAM tem capacidade para processar 333 mil barris de petróleo por dia e dispõe de um sistema de oleodutos que interligam a refinaria e os terminais e conta com 669 km de extensão. O outro empreendimento que está para jogo, o projeto de biorrefino que teve “gordos investimentos” anunciados pela Mubadala no ano passado mas nunca saiu do papel, produzirá diesel renovável e querosene de avião a partir de óleo vegetal oriundo de culturas nativas da Bahia e de Minas Gerais.
“O presidente Lula disse que iria suspender as privatizações e que iria avançar para as reestatizações daquilo que foi vendido pelo Governo Bolsonaro, inclusive e principalmente com relação aos ativos do Sistema Petrobrás. Estamos muito felizes com essa notícia e agora precisamos da pressão não somente da FUP, do Sindpetro Bahia, da CUT e do PT, mas da sociedade baiana que não aguenta mais pagar a gasolina no preço que está pagando hoje. Hoje a população baiana é refém desse monópolio regional [formado com a venda da infraestrutura baiana para a Mubadala]", comemorou o sindicalista.
Agora resta a análise da Petrobrás, que ainda avalia a proposta. E, em caso de aprovação, estará apenas colocar a mão na massa. Ou melhor, no óleo.
"Estamos em contato direto com o presidente Jean Paul Prates para que a Petrobrás possa entrar nesse negócio. E nós que não tínhamos nada, porque a refinaria foi vendida a preço de banana – valia de 3,6 a 4 bilhões de dólares e foi vendida a 1,85 bilhão ao fundo Mubadala – hoje pode voltar ao seio da nossa querida Petrobrás. É por isso que fiz o L: entrei na RLAM e vamos voltar para a RLAM,” finalizou Bacelar.
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