A tentativa de donos de postos de combustíveis de criar o caos nos primeiros dias do governo Lula (PT) aumentado sem motivo os preços da gasolina, do diesel e do gás tem no comando empresários e executivos que mantiveram uma ligação direta com Jair Bolsonaro (PL) nos últimos quatro anos.
Nesta quarta-feira (4), o ministro da Justiça, Flávio Dino, deu prazo para que 8 entidades representativas dos postos de combustíveis nos estados do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo expliquem a alta dos combustíveis após a posse de Lula, mesmo com o presidente mantendo zerado os tributos do PIS/Pasep e a Cofins sobre a gasolina, o óleo diesel e o gás até dezembro de 2023.
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Entre as 8 entidades notificadas está o Instituto de Petróleo e Gás (IBP) que tem como presidente do Conselho de Administração Rafael Chaves Santos, que foi alçado por Jair Bolsonaro (PL) à direção executiva de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Petrobras em dezembro de 2021 com salário de cerca de R$ 150 mil por mês.
Fantasiado de Petoleiro - com o tradicional jaleco usado pelos trabalhadores da estatal -, Santos, que fez carreira na iniciativa privada, bajulou Bolsonaro em discurso em fevereiro de 2022 em evento na Gaslub, em Itaboraí (RJ), atacando Lula e a "bilionária corrupção na Petrobras". O pronunciamento foi compartilhado nas redes por bolsonaristas para atacar o petista nas redes.
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Diretor-presidente da União da Agroindústria Canavieira (Unica), que também foi notificada por Dino, o ex-deputado Evandro Gussi também é uma figura próxima a Bolsonaro e chegou a defender o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante sua passagem predatória no governo.
Em 2019, a Unica se posicionou, em nota, sobre a atuação de Bolsonaro na Amazônia. No texto, Gussi disse que reconhecia o compromisso do governo para coibir atos criminosos e defendeu a atuação de Salles. Gussi foi um dos representantes dos ruralistas que foi convidado por Geraldo Alckmin (PSB) a contribuir no Governo de Transição.
No Paraná, o Ministério da Justiça notificou a Associação Nacional dos Proprietários de Postos, localizada em Londrina. A entidade foi criada em 27 de janeiro de 2022 e tem como sócio-administrador na Receita Federal Luzia Ribeiro. No site oficial, a entidade não lista quem são os diretores ou responsáveis.
As outras notificadas são a Fecombustíveis, a Federação das Distribuidoras de Gás e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes, no Rio de Janeiro; e a Associação de Importadores de Combustíveis, que foi criada em 2017 em São Paulo para defender o lobby dos importadores de petróleo após o governo golpista de Michel Temer (MDB) instituir a Paridade de Preços Internacional (PPI) na Petrobras.
De acordo com o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, o objetivo do pedido de explicações é entender o que embasou o aumento de preços na virada do ano e no começo do novo governo.
“Um aumento de preços desse tamanho reflete em toda a cadeia produtiva, na cadeia de consumo. Não há, aparentemente, qualquer justificativa para que esse aumento tenha sido praticado. É preciso ter transparência para o consumidor”, diz.
As associações têm 48 horas, desde esta quarta-feira (4), para dar as explicações ao governo.