Fantasiado com uniforme dos petroleiros, o diretor-executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves Santos, revelou o aparelhamento da estatal ao bajular Jair Bolsonaro (PL) em discurso político em que atacou Lula e o PT em evento na Gaslub, em Itaboraí (RJ) nesta segunda-feira (31). O vídeo com o discurso sobre a "bilionária corrupção na Petrobras" foi compartilhado pelo presidente em suas redes sociais.
O que Chaves não contou em seu discurso recheado de chavões - como "acabou aquela era de indicação política" - é que ele foi alçado ao posto justamente por Bolsonaro em 2019 sem nunca ter feito concurso para trabalhar na empresa estatal e que hoje ganha um salário que chega a três digitos.
"Em 2019 nós não tivemos concurso da Petrobras e o presidente Bolsonaro tomou posse em 2019. Então, entra uma pessoa indicada pelo governo federal, pela janela, para ganhar algo em torno de R$ 150 mil por mês e vem dar um testemunho dizendo que conhece a Petrobras?", contestou o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar - veja o vídeo abaixo.
Em seu discurso, Chaves, que fez carreira na iniciativa privada e em fundos de investimento no setor de petróleo, reconhece que a gasolina está cara no Brasil e atribui isso à importação de petróleo e gás.
"Óbvio que está caro. Está caro porque o [Michel] Temer implementou em 2016 o PPI, Preço de Paridade de Importação, que atrelou nossos combustíveis ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, ao dólar, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo e tendo refinarias para vender esse combustível a preço de custo para a população", emenda Bacelar.
Além de Chaves, outros diretores da estatal, que comumente usam terno e gravata se fantasiariam de petroleiros no evento na Gaslub, em Itaboraí (RJ), para fazer jogo de cena e adular Bolsonaro.
São eles: João Henrique Rittershaussen, diretor executido de desenvolvimento da produção; Eduardo Bacellar Leal Ferreira, presidente do Conselho de Administração da Petrobras; Cláudio Rogério Linassi Magtella, diretor executivo de comercialização e logística; e Juliano de Carvalho Dantas, diretor executivo de transformação digital e inovação.
Todos eles não usavam máscaras de proteção facial contra a Covid-19, em claro sinal de alinhamento à política negacionista de Jair Bolsonaro.
"Tanto esses gestores quanto a comitiva do presidente desrespeitaram o Decreto Estadual e os procedimentos internos da própria estatal que obrigam ao uso de máscaras em locais fechados", denuncia o Sindipetro Norte Fluminense.
O sindicato lemabro que no dia 13 de janeiro a direção da Petrobras emitiu nota afirmando que “o trabalho presencial segue padrões de segurança, como testagem, distanciamento físico, uso obrigatório de máscaras, procedimentos de higienização de mãos e equipamentos; entre outros”.
A mando de Bolsonaro, os sindicalistas foram proibidos pela direção da Petrobras de promover uma panfletagem na catraca de acesso ao Gaslub antes da chegada do presidente.