O advogado Cristiano Zanin, conhecido por defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi contratado pelas Lojas Americanas para fazer a defesa da empresa em um dos processos decorrentes da recente crise vivida pela varejista. Zanin irá defender a empresa em processo movido pelo bando BTG Pactual no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que cobra uma dívida de R$ 1,2 bilhão.
A reivindicação do BTG Pactual é considerada a mais pesada dentro da crise que envolve um rombo de R$ 20 bilhões nas Lojas Americanas. Após o banco, que já teve o ex-ministro da Economia Paulo Guedes em seus quadros de chefia, juntar-se a outros bancos credores no bloqueio de recursos da empresa, as Americanas tiveram de pedir uma recuperação judicial às pressas para evitar a quebra.
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A crise das Lojas Americanas
Desde a primeira semana de 2023 as Lojas Americanas vivem um momento turbulento. No último dia 20 de janeiro, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, no qual reportou dívidas que superam os R$ 41 bilhões. A crise instalada em uma das maiores varejistas do Brasil, que ainda tem poderosos acionistas como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Bruno do grupo 3G Capital, foi vista como uma surpresa em seus primeiros dias e hoje vive uma batalha judicial anunciada.
Na noite de quarta-feira, 11 de janeiro, as Lojas Americanas informaram um rombo de R$ 20 bilhões em suas contas, em montante 8 vezes maior do que o seu valor de mercado. O rombo se refere a balanços aprovados em 2022, e em anos anteriores. A causa foi a prática do ‘risco sacado’, que consiste na tomada de financiamento com um banco para o pagamento de fornecedores. A ideia seria antecipar os fornecedores para em seguida pagar os bancos. No entanto, no caso das Lojas Americanas, nada disso foi relatado nos balanços anuais.
O balanço fraudado abriu margem para cobranças antecipadas de dívidas e foi exatamente o que aconteceu quando o rombo foi informado. A situação fez com o novo CEO da empresa, Sérgio Rial, renunciasse ao cargo na mesma hora, após apenas 9 dias da sua posse. Para o seu lugar, foi colocado o então diretor de Recursos Humanos da empresa, João Guerra, que não esteve envolvido na gestão financeira da empresa.
No dia seguinte (12) as ações da empresa despencaram 77,3%, fechando o dia a R$ 2,72, no que ficou registrado como a maior queda de uma empresa da Ibovespa em um mesmo dia desde 1994. Nesse momento, além dos bancos credores, também os acionistas da empresa começaram a cobrar medidas de mitigação da crise.
Já a sexta-feira 13 ficou conhecida como o ‘dia do terror’ dos credores. Na data, as Lojas Americanas conseguiram uma medida judicial que a protege por 30 dias da execução das dívidas. Ao fim do período, a empresa poderá pedir recuperação judicial. As ações da empresa então subiram 15% em relação ao dia anterior.
Durante o final de semana seguinte (14 e 15 de janeiro), o banco BTG Pactual, um dos credores da Americanas, entrou com recurso para derrubar a decisão. Na argumentação, o banco alegou que a empresa fraudou seu mercado de crédito. Além disso, também apontou que teve de estornar, por conta da decisão, cerca de R$1,2 bilhão. No bojo do BTG Pactual, outros bancos credores também mostraram-se descontentes e esperam o início de uma batalha judicial a fim de liberar a cobrança antecipada das dívidas. O acordo que os bancos aceitavam fazer naquele momento deveria conter a injeção de capital na empresa por meio dos acionistas.
A situação se estendeu por cerca de cinco dias, sem acordo. E com o bloqueio dos bens da empresa à vista, o que a deixaria com os caixas vazios e um estoque de apenas quatro meses para operar sem o aporte dos seus principais acionistas, as Lojas Americanas pediram recuperação judicial em 20 de janeiro, declarando na ocasião mais de R$ 41 bilhões em dívidas.
*Com informações de O Globo e Estadão.