ECONOMIA

Marcio Pochmann: PIB mostra uma economia incapaz de manter o ritmo de recuperação

O setor de serviços segurou o PIB de 1%; Agro teve recuo de 0,9% no trimestre

Marcio PochmannCréditos: Reprodução / Divulgação redes sociais
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O economista Marcio Pochmann afirmou nesta quinta-feira (2) que o resultado do PIB brasileiro registrando crescimento de 1% no primeiro trimestre,  segundo o IBGE,  aponta uma economia incapaz de manter o ritmo de recuperação verificado no ano passado. 

"Isso fica muito evidente quando se analisa do ponto de vista setorial, o comportamento dos investimentos que apresentaram  uma variação  negativa, ou seja, o Brasil decresceu os investimentos nesse primeiro trimestre do ano", avaliou. 

A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2022 foi de 18,7% resultado abaixo do observado no mesmo período do ano anterior com 19,7%. 

O levantamento aponta que dentro da lógica da produção, a alta foi puxada pelo setor de serviços, que representa 70% do PIB do Brasil e cresceu 1,0%.  Na indústria houve estabilidade (0,1%) e no agro houve queda de 0,9% devido à estiagem na região Sul.

Segundo o economista, o comportamento de 1% está diretamente relacionado às atividades de subsistência.  "Num país cuja população cerca de 90% reside nas cidades, os serviços passam a ser e dominantes e as atividades pela sobrevivência que possam resultar em algum retorno, movem parte importante do comportamento da economia brasileira", afirmou. 

Ainda segundo o levantamento do IBGE, as despesas de consumo das famílias cresceram 2,2% em decorrência da retomada da demanda por serviços presenciais. 

"O governo Bolsonaro deverá entregar um país praticamente equivalente ao que era, quando ele foi recebido de Temer. Quando o Brasil ainda se encontrava com a atividade inferior ao que havia alcançado em 2014. Ou seja, é um período da dupla Temer e Bolsonaro em que apesar da retomada do receituário neoliberal, as promessas realizadas não foram efetivadas", disse. 

Outro ponto lembrado pelo economista é o desemprego que acaba comprometendo a engrenagem da economia.

"Brasil não voltou a elevar o nível de emprego com carteira assinada, o desemprego infelizmente seguiu elevado não obstante, a redução do custo do trabalho permitido pela reforma trabalhista e previdenciária".

"Essa situação ainda se acumula com o problema inflacionário que de certa maneira  vai corroendo a renda da população e desestimulando qualquer iniciativa de investimento, especialmente quando o Banco Central tem operado com crescimento  da taxa de juros", complementa.