ECONOMIA

Presidente da Petrobras compara preço do petróleo com alta do tomate e cenoura

Alçado por Bolsonaro ao comando da Petrobras, José Mauro Coelho ignorou, no entanto, que a inflação dos alimentos se deu, em grande parte, por causa da política de reajuste de preços do governo

Ciro Nogueira e o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho.Créditos: Reprodução/Instagram
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Disposto a manter a política de paridade internacional no preço dos combústivais, o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, comparou o preço do petróleo - uma commodity atrelado ao mercado internacional - a alta dos alimentos, como a cenoura e o tomate, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo desta quarta-feira (4).

"A população tem que entender que, da mesma maneira que o pãozinho aumenta, o óleo de soja bateu quase 16 reais o litro, o tomate e a cenoura nem se fala, assim é o petróleo", disse Coelho, ignorando o fato que a inflação dos alimentos é puxada justamente por causa da política de reajuste de preços dos combustíveis, que impactam diretamente a logística e a produção.

O novo presidente da estatal diz ainda que Jair Bolsonaro (PL) "já entendeu muito bem a questão de preço de mercado" e que "não me pediu absolutamente nada específico", sinalizando que não vai mexer na política de reajustes dos combustíveis.

"Bolsonaro não me pediu absolutamente nada específico. Só pediu para eu conduzir a companhia. É isso que nós estamos fazendo. Não tem uma questão relacionada a preço dos combustíveis, nada disso. A missão é bem conduzir a companhia. Claro que tem uma questão que eu diria que é minha mesmo, de melhorar a comunicação", disse, antes de comparar o preço do petróleo com o da cenoura.

Coelho diz que quer dexar como "legado" da sua gestão a "questão da comunicação". "O povo brasileiro tem que entender esse assunto complexo do petróleo até pela importância que a Petrobras tem. Essa comunicação é fundamental".

O executivo, no entanto, ressalta que quer "reacender o orgulho" do país em relação a estatal, mas salienta que continuará distribuindo lucros aos acionistas privados.

"Tem duas coisas que se casam: a comunicação e o trabalho de reacender a chama e o orgulho de ser Petrobras, essa grande empresa nacional. Claro que é nacional, por ter como acionista principal a União, mas também tem os demais acionistas. Então tem que entregar resultados também para os acionistas privados".