A Petrobras informou na manhã desta quinta-feira (28) que não foi concluído o processo de sua unidade de fertilizantes, no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, para o grupo russo Acron. Segundo a estatal informou ao O Globo, o motivo foram as intenções russas.
"O plano de negócios proposto pelo potencial comprador, em substituição ao projeto original, impossibilitou determinadas aprovações governamentais que eram necessárias para a continuidade da transação", disse a estatal.
A venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) foi anunciada em fevereiro pela então ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Apesar de uma potência agrícola, o Brasil é importador de fertilizantes.
Na época o anúncio feito pela ministra ocorreu poucos dias antes de o presidente Jair Bolsonaro — que festejou a notícia em redes sociais na época — viajar para a Rússia, e cerca de duas semanas antes da invasão da Ucrânia por tropas russas.
O valor da operação não foi revelado, mas segundo uma fonte, a soma corresponderia ao que a Petrobras já havia investido no empreendimento, em torno de R$ 3,8 bilhões. A expectativa era que fábrica começasse a operar em 2027.
Em 2021, o Brasil gastou 15,2 bilhões de dólares - R$ 80 bilhões - em importações de adubos e fertilizantes químicos, praticamente o dobro do que foi gasto ano anterior. Para a Federação Única de Petroleiros (FUP), esse desequilíbrio na balança comercial brasileira é explicado pelo fechamento das fábricas de fertilizantes da Petrobras durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
A FUP aponta que apesar de ser grande produtor de alimentos, o Brasil é altamente dependente da importação de fertilizantes, com cerca de 85% desses produtos sendo comprada no mercado internacional. Esse tipo de insumo foi o produto mais importado entre os itens da categoria “indústria de transformação”, segundo dados da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O país adquiriu no exterior 41,5 milhões de toneladas de fertilizantes – incremento de 22% –, a um preço médio de US$ 364,34 por tonelada, 56% acima dos valores pagos em 2020.
Venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) na Bahia produz efeitos negativos na capacidade produtiva da Petrobras
A venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, que passou a ser operada pelo o fundo árabe Mubadala Capital em dezembro - como parte do desmonte do governo Bolsonaro para privatizar a Petrobras - produziu queda de 5,2% na produção de derivados da estatal no primeiro trimestre deste ano.
Ao todo, a companhia vendeu 1,7 milhão de barris por dia (barris/dia) entre janeiro e março de 2022, aumento de 2% em relação a igual período no ano passado. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, no entanto, o volume representa queda de 8%.
A estatal elevou para 87% o fator de utilização (FUT) médio de seu parque de refino, 5 pontos percentuais superior ao observado ao mesmo período do ano passado. Na última semana de março a Petrobras atingiu um FUT de 91%.
O crescimento de 2% do volume de derivados comercializados no mercado interno neste trimestre segue pressionando a capacidade de oferta de derivados da estatal. Esse aumento foi impulsionado pela forte demanda por gasolina, cujas vendas subiram 17,5% com (402 mil bpd), em relação ao mesmo período de 2021 com (342 mil bpd).
As vendas de diesel e óleo combustível, por outro lado, registraram queda de, respectivamente, 2,2% e 33,9%, neste trimestre, em comparação com o ano passado.