GUERRA NA UCRÂNIA

Rublo desvalorizado diante do dólar é parte da guerra financeira contra a Rússia

Desvalorização de 30% do rublo frente ao dólar fez Banco Central da Rússia aumentar taxa de juros para 20%. No entanto, medida força economia russa a utilizar meios alternativos, fortalecendo por exemplo o banco dos Brics.

Mercado russo reage às medidas de EUA e aliados.Créditos: Twitter/ Rádio França Internacional
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Além de fornecer US$ 350 milhões em armamentos para a Ucrânia, Joe Biden, presidente dos EUA, busca estrangular a economia da Rússia em uma guerra financeira que já provocou a desvalorização de 30% do rublo diante do dólar e provocou um aumento no movimento de russos aos bancos, buscando retirar suas reservas.

Como consequência,  Banco Central da Rússia elevou a taxa de juros de 9,5% para 20% com o objetivo de reter a desvalorização da sua divisa e acalmar a população.

A desvalorização do rublo frente ao dólar acontece no primeiro dia de abertura do mercado financeiro após a nova rodada de sanções impostas por EUA, União Europeia, Reino Unido e Canadá disseram que iriam expulsar alguns bancos russos do Swift, um serviço global de mensagens financeiras, e “paralisar” os ativos do banco central da Rússia.

O Sberbank of Russia, cotado na bolsa de Londres, perdeu cerca de 70% na manhã desta segunda-feira, tendo caído de 4,06 para 1,26 libras por ação. O TCS, também cotado em Londres e que que detém o Tinkoff Bank, perdeu quase 70%, de 36 para 11,7 libras. Ambos chegaram a perder cerca de 80% na negociação de manhã.

Bancos europeus mais expostos à Rússia, como o Raiffeisen Bank, da Áustria, o UniCredit, da Itália, e o Société Générale, de França, caíram entre 10 e 15%.

Impactos políticos maiores que econômicos

Em relatório de análise divulgado nesta segunda-feira pelo TD Securities afirma que é preciso esperar mais alguns dias para analisar o impacto das sanções na economia da Rússia, que deve ter maior impacto político com as medidas.

“Não está claro para nós que o impacto econômico dos anúncios sobre o sistema CBR [Banco Central da Rússia] e Swift será tão grande quanto o valor político de anunciá-los neste momento”, diz o texto.

O Vnesheconombank (VEB) da Rússia afirmou que, tendo sido desconectado do SWIFT, o país vai mudar para o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em inglês) do Banco Central da Rússia e outros canais alternativos.

"Na medida em que esses bancos são usados para pagamentos transfronteiriços, o impacto das sanções atuais não terá o efeito pretendido".

Atualmente, pelo menos 331 bancos, nacionais e estrangeiros, estão listados como usuários do sistema SPFS.

Além disso, grandes blocos também podem ser usados como plataformas para sistemas alternativos de transação. Um deles é o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tem uma população combinada de mais de 40% da população mundial.

A China já desenvolveu seu Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês), sua própria alternativa ao SWIFT. Lançado em outubro de 2015, o CIPS cresceu 80% em termos de valor em 2018. Apenas em 2019, o CIPS teria processado 135,7 bilhões de yuans (cerca de R$ 100,2 bilhões) por dia. Para efeitos comparativos, o SWIFT processa cerca de US$ 5 trilhões a US$ 6 trilhões (entre R$ 25,8 trilhões e R$ 31 trilhões) diariamente.