Somente no ano passado,199 crianças e adolescentes foram mortos de forma violenta em São Paulo. O dado foi divulgado esta semana em um estudo que analisou diversas violações de direitos contra esses grupos, como homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) ou lesão corporal seguida de morte.
A pesquisa analisou dados das mortes violentas letais intencionais ocorridas em São Paulo entre 2015 e 2022 e foi divulgada pelo Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência e é uma iniciativa da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp), com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Justiça e Cidadania.
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De acordo com os resultados, 2.539 meninas e meninos de até 19 anos foram mortos em São Paulo entre 2015 e 2022, vítimas de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Em 2016, a cidade registrou seu índice mais alto, contabilizando 475 mortes. A tendência nos anos seguintes foi de queda, mas os números voltaram a aumentar em 2022, quando 213 mortes foram registradas.
A violência policial também vitimou milhares de crianças e adolescentes nesse período, quando foram registradas 1.408 mortes por intervenções policiais. Em 2023, foram 84, o que representou um aumento de 23% em relação a 2022.
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"Olhando para o cenário de São Paulo o que nos chama a atenção é que a tendência de queda da violência letal contra crianças e adolescentes, alcançada nos últimos anos, foi interrompida", afirma Adriana Alvarenga, chefe do escritório do Unicef em São Paulo, em entrevista à Agência Brasil.
"Quando olhamos para latrocínio, homicídio e lesão seguida de morte, percebemos que os indicadores não diminuíram como estava ocorrendo, permanecendo estáveis. Quando olhamos para mortes em decorrência de intervenção policial, os números, que antes estavam em queda, voltaram a aumentar”, completa.
Meninos negros são as principais vítimas
Em relação ao perfil das crianças e adolescentes vítimas da violência entre 2015 e 2022, a grande maioria é de meninos (84,2%), negros (66,1%) e com idade entre 15 e 19 anos (87%).
No estudo, os pesquisadores afirmam que as ações de combate à violência contra crianças e adolescentes em São Paulo precisa "observar a intersecção entre gênero, raça e dinâmicas sociais que ampliam a exposição à violência letal, que pode ser uma consequência de um conjunto de privações de direitos, como abandono escolar, falta de acesso a oportunidades e a serviços de proteção, assistência e saúde, entre outros".