DISCRIMINAÇÃO

Atleta indígena sofre racismo e tem cocar apreendido na imigração dos EUA

Nanda Baniwa viajava para participar do Campeonato Mundial de Canoa Havaiana e é a única indígena na delegação brasileira

Nanda Baniwa e seu cocar.Créditos: Reprodução/Instagram Nanda Baniwa
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A atleta indígena Nanda Baniwa denunciou um caso de racismo que sofreu na imigração dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (14), enquanto viajava para participar do Campeonato Mundial de Canoa Havaiana, no Havaí. Baniwa, que é a única indígena a compor a delegação brasileira de canoagem, teve seu cocar apreendido e sofreu discriminação por parte dos funcionários.

Em um profundo desabafo nas redes sociais, Baniwa contou que o item foi seu primeiro cocar e que tinha uma representação símbólica de sua luta e cultura como pessoa indígena. Ela também relatou que já havia enfrentado uma grande luta para conseguir o visto depois de um "tratamento horrível" na primeira entrevista. "Uma dor horrível", disse. Ela ainda completou lamentando não poder fazer nada para defender seus direitos e sua identidade, já que poderia ser presa por confrontar a imigração.

Para ela, naquele momento, seus direitos, luta, identidade e cultura foram feridos. "Meu cocar é meu grande aliado nas minhas lutas, faz parte de mim, e desde a origem de tudo nos pertence, e é assim para todos os povos originários", relatou. 

A atleta contou que todo o tratamento recebido na imigração foi rude. "Parecia até que tínhamos drogas na mala", disse. "Parecia que estava fazendo de tudo para tentar nos prejudicar, e quando viu o meu cocar viu que conseguiria algo ali", acrescentou. 

Baniwa também afirmou que teve sua identidade questionada, mesmo apresentando documentos que comprovassem ser indígena. O argumento usado pelos funcionários para apreensão do cocar foi a existência de leis ambientais que proibiam o uso do item. 

"Começaram a me explicar que é a maneira de combate deles para evitar a matança de animais para a preservação do meio ambiente. Como assim? Eu me vi lesada e incrédula, pois se vamos falar sobre isso queria saber quanto o povo deles luta por aquilo? Quanto de direito eles têm para falar para nós sobre preservação?", questionou em sua postagem no Instagram.

Nos comentários, internautas se indignaram com o acontecimento e cobraram posições da Embaixada dos EUA, do Ministério dos Povos Indígenas, do Palácio Itamaraty e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).