Um levantamento deixado pela antropóloga Adriana Dias, morta em 2023, sobre o aumento de grupos neonazistas no Brasil tem guiado uma ampla investigação do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Considerada uma verdadeira “caçadora de nazistas”, Adriana, que faleceu no dia 29 de janeiro de 2023, vítima de um câncer cerebral, aos 52 anos, era a maior especialista em neonazismo do país e estava entre as maiores do mundo. Doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela pesquisava o fenômeno do neonazismo havia mais de 20 anos e, ao longo deste período, ajudou a desbaratar células nazistas, levar seus articuladores à prisão e evidenciar o caráter nazifascista do governo Bolsonaro.
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Foi Adriana a responsável, por exemplo, pelo estudo, repercutido mundialmente, que revelou a explosão no número de células neonazistas no Brasil de 75 em 2015 para 530 em 2021. É dela também a descoberta da carta que Jair Bolsonaro enviou a um grupo neonazista em 2004 - outro fato de grande repercussão internacional.
O CNDH já visitou Santa Catarina no começo deste mês. O grupo ouviu vítimas, autoridades e especialistas em Blumenau e em Florianópolis e irá ao Rio de Janeiro, entre os dias 28 e 31 de maio.
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Ainda estão previstas viagens ao Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. A ação teve início a partir de representação enviada pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa) que pediu a abertura de uma investigação sobre o aumento de atividades e células neonazistas no Brasil.
O objetivo final é a elaboração de um relatório pelo conselheiro Carlos Nicodemos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, e pelo representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no CNDH, Hélio Leitão. O conselho é presidido por Marina Dermmam.
Segundo o CNDH, há um "alarmante cenário de crescimento" desses grupos, "com aumento do discurso de ódio, especialmente direcionado às mulheres, à população negra e à população LGBTQIAP+".
O conselho ainda acionou a ONU (Organização das Nações Unidas) para tentar incluir situação do Brasil em um relatório sobre formas contemporâneas de racismo, que está sendo elaborado pelo órgão internacional.
Com informações da coluna de Mônica Bergamo