AGRO E ESCRAVIDÃO

Agro: 1 em cada 4 resgatados de trabalho escravo na pecuária no Pará é mulher, revela estudo

Os dados analisados mostram ainda que 89% dos trabalhadores escravizados nas fazendas de carne no Estado se declaram como pretos ou pardos

Trabalhadores em regime análogo à escravidão resgatados pela PF no Pará.Créditos: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Em estudo inédito realizado pela Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (PADF) sobre o trabalho escravo em fazendas de gado no Pará revela uma realidade até então desconhecida das estatísticas: 1 em cada 4 trabalhador resgatado nas fazendas do estado é do sexo feminino.

No total, foram entrevistados 1.241 resgatados do trabalho análogo à escravidão em fazendas nos municípios de Marabá, Ulianópolis e Itupiranga. Na última atualização da 'lista suja' do trabalho escravo, o Pará concentrava o maior número de propriedades, em um total de 38, a maioria delas fazendas de gado.

Segundo o Estudo de Prevalência e Perfil de Vulnerabilidade do Trabalho Forçado no Setor da Pecuária no Pará, 74,38% dos resgatados são homens e 25% mulheres - menos de 1% não foi identificado. 

"É um dado que não é encontrado na série histórica brasileira, que mostra que a maior parte dos trabalhadores resgatados na pecuária é do sexo masculino. Então, é importante esse dado sobre as mulheres, que trabalham na pecuária em funções periféricas relacionadas aos homens. Mas, elas também são aliciadas e estão trabalhando em trabalhos escravos nas fazendas e acabam invisíveis nas fazendas de carne do Pará", disse à Fórum Irina Bacci, diretora técnica da PADF.

Os dados analisados mostram ainda que 89% dos trabalhadores escravizados nas fazendas da pecuária no Estado se declaram como pretos ou pardos. A média de idade é de 42 anos e 66,16% desses trabalhadores são trazidos do Pará.

"É um dado importante para entender a relação entre tráfico de pessoas e trabalho escravo. Muitas vezes, temos uma ideia pré-concebida de que o tráfico de pessoas é ligado ao tráfico internacional. E estudos internacionais já indicam que é cada vez mais comum traficar pessoas em distâncias menores, próximas ao local onde serão exploradas. E o estudo traz essa confirmação", explica Irina.

Veja a síntese dos dados divulgados pela Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento
 

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