OPERAÇÃO RESGATE IV

Quase 600 trabalhadores escravizados são resgatados; idosa de 94 anos está entre as vítimas

Operação IV, realizada entre julho e agosto, é a maior da história; 130 fiscalizações foram realizadas

Operação resgata 593 trabalhadores escravizados no país.Créditos: Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso
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A Operação Resgate IV, realizada entre os meses de julho e agosto deste ano, resgatou 593 trabalhadores em situação análoga à escravidão no Brasil. Esse é o maior número de pessoas resgatadas em toda a história do país e representa aumento de 11,65% em relação à operação do ano passado. 

A ação foi realizada em conjunto pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Ao todo, foram realizadas 130 inspeções em 15 estados e no Distrito Federal. Entre as vítimas, está uma senhora de 94 anos, que foi escravizada durante 64 anos no Mato Grosso do Sul. Ela trabalhava para sua patroa de 90 anos, adoecida com Alzheimer. Após a operação, foi garantido à idosa o direito de usufruto da casa onde morava, com todas as despesas pagas pela família da empregadora, incluindo a contratação de cuidador de idoso para ela, além do recebimento de um salário mínimo por mês.

Minas Gerais se destaca com o maior número de pessoas em situação análoga à escravidão, com 291 resgatados. Em seguida vem São Paulo (83), Distrito Federal (23) e Mato Grosso do Sul (13). 

Em relação aos serviços, a agropecuária é o setor com mais mão de obra escravizada: 72% do total de resgatados trabalhavam na área. A atividade que mais concentrou trabalhadores escravizados foi o cultivo da cebola (141), seguido da horticultura (82), café (76) e alho (59).

Os 17% dos resgates ocorreram na indústria e cerca de 11% no comércio e serviços. Na área urbana, destacaram-se os resgates ocorridos na fabricação de álcool (38), administração de obras (24) e atividade de psicologia e psicanálise (18). Sobre esse último caso, os trabalhadores foram resgatados de uma clínica para dependentes químicos. Eles eram, na verdade, pacientes internados que realizavam as atividades laborais compulsoriamente como parte da internação.

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As equipes de fiscalização também flagraram 18 crianças e adolescentes submetidos a trabalho infantil, das quais 16 também estavam sob condições semelhantes à escravidão. As fiscalizações ocorreram no Amapá, Distrito Federal, Mato Grosso e Minas Gerais.

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Verbas rescisórias

De acordo com o coordenador Geral de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Análogo ao de Escravo e Tráfico de Pessoas, André Roston, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os trabalhadores já receberam, aproximadamente, R$ 1,91 milhão em verbas rescisórias, de total estimado é de R$ 3,46 milhões. 

“Esse número dá uma dimensão da efetividade da política pública dessa congregação de competência das instituições para garantir direitos, por um lado. E deixa escancarado o principal motor da exploração do trabalho escravo: um grande benefício econômico ao se adotar essa estratégia de violação de direitos humanos para exploração de trabalho”, afirmou.

*Com informações da Agência Gov.