A brincadeira custou caro. E ela, como estudante de Direito, deveria saber que racismo não é brincadeira. É crime. E, por conta disso, e, ao menos por enquanto, a primeira punição da aluna da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, foi perder o emprego.
O caso segue sendo identificado pelo Ministério Público.
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Assim que foi identificada em um vídeo feio no último sábado (16), em Americana, ofendendo alunos cotistas da Universidade de São Paulo (USP), o escritório Pinheiro Neto Advogados confirmou o desligamento da estagiária.
"O escritório Pinheiro Neto Advogados lamenta o episódio ocorrido durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no último sábado (16). O escritório reitera que não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório", disse o escritório em nota.
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A coisa, no entanto, não vai ficar por aí. A Polícia Federal analisa as imagens e diz estar à disposição para o registro de ocorrência.
"A Polícia Civil informa que, até o momento, não localizou registro da ocorrência. A autoridade policial, ciente dos fatos, analisa as imagens para identificar os envolvidos e está à disposição para o registro da ocorrência, bem como para apurar qualquer informação que possa ajudar nas investigações", disse em nota a polícia.
Relembre o caso
No vídeo, é possível ouvir gritos como "pobre!", "ainda por cima é cotista" e "cotista filho da p*ta" partindo de estudantes brancos na torcida da PUC-SP.
A co-deputada estadual Letícia Chagas (PSOL-SP), membra do mandato coletivo Movimento Pretas, denunciou o incidente nas redes sociais.
Mestranda em direito pela USP, a advogada afirmou à Fórum que entrará com uma denúncia no Ministério Público através do mandato.
"Infelizmente, o caso da PUC não surpreende. O ambiente jurídico, no geral, é bastante racista e elitizado, e a chegada das cotas étnico-raciais incomodam essa elite jurídica. Nos últimos meses, têm aumentado as denúncias de violências racistas nas principais faculdades de direito de São Paulo. Nesse ano, estudantes bolsistas da PUC/SP denunciaram estar sofrendo uma série de insultos por parte de estudantes que pagam a mensalidade. Na Faculdade de Direito da USP, também foram encontradas pichações de cunho nazista, e recentemente uma aluna negra foi alvo de ataques na internet por parte da comunidade discente. Mais do que punir indivíduos, as universidades precisam de um plano concreto de enfrentamento ao racismo, com disciplinas obrigatórias pra discutir o tema e com a contratação de professores negros e antirracistas", afirmou a co-deputada à Fórum.
Confira o vídeo:
Pedido de expulsão
O Centro Acadêmico 22 de Agosto, do curso de Direito da PUC, emitiu nota de repúdio ao caso e pediu a expulsão dos alunos envolvidos no caso.
"O Centro Acadêmico 22 de Agosto manifesta sua mais veemente repulsa às falas racistas e classistas de estudantes do curso de Direito, proferidas em evento esportivo dos Jogos Jurídicos Estaduais de 2024", afirma a nota.
"A PUC SP é uma instituição com histórico de luta pela igualdade social e racial no Brasil. Não há lugar no curso de Direito da PUC SP para indivíduos racistas e classistas. Tal episódio criminoso deve ser apurado com absoluto rigor, garantido o devido processo legal. Encaminharemos às instâncias competentes da Universidade um pedido para a apuração dos fatos e expulsão daqueles que comprovadamente se envolveram neste lamentável episódio", completa.