PSICOLÓGICO NO TRABALHO

"Demissão silenciosa": por que muitas pessoas ficam em empregos que não gostam

Trabalhadores insatisfeitos enfrentam dilemas no mercado de trabalho moderno

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Em um mundo onde a busca pela realização no trabalho é uma prioridade crescente, muitas pessoas se encontram presos em empregos que não os agradam. A insatisfação salarial e a falta de oportunidades de carreira estão levando um número crescente de indivíduos a adotar a "demissão silenciosa" como uma forma de sobrevivência no mercado de trabalho.

As taxas de demissão voluntária, que atingiram níveis notáveis durante a pandemia, estão agora retornando aos patamares pré-crise nos Estados Unidos. O mercado de trabalho no Reino Unido também apresenta desafios, com uma redução no número de vagas de emprego ao longo do último ano.

Especialistas destacam que, embora muitos trabalhadores tenham encontrado novas oportunidades de carreira após reavaliarem suas metas profissionais, nem todos têm a sorte de dar esse passo. Aqueles que ainda aspiram a pedir demissão podem se sentir limitados devido à falta de contratações e incertezas econômicas.

Em tempos de mercado aquecido, os trabalhadores insatisfeitos geralmente têm mais facilidade para mudar de emprego ou até mesmo de setor em busca de posições que lhes proporcionem maior satisfação. Jim Harter, pesquisador de gestão e bem-estar no local de trabalho da consultoria americana Gallup, observa que "quando as pessoas sentem que não estão em um emprego inspirador e veem oportunidades em outros lugares, é provável que procurem satisfazer suas necessidades profissionais em outra empresa".

No entanto, a realidade atual é diferente. Com a mobilidade no mercado de trabalho em declínio, muitos trabalhadores se sentem presos em empregos que não desejam. E é nesse ponto que a "demissão silenciosa" entra em cena.

Harter explica que a maioria das pessoas "se demite" silenciosamente devido à natureza desmotivadora de seus trabalhos. Elas realizam o mínimo necessário porque não se sentem inspiradas e não acreditam que têm a oportunidade de aplicar suas habilidades da melhor forma possível.

As consequências da "demissão silenciosa" são preocupantes. Para os funcionários, permanecer em um trabalho insatisfatório pode prejudicar seu bem-estar e saúde mental a longo prazo. Além disso, essa atitude não contribui para o desenvolvimento de uma carreira bem-sucedida.

Por outro lado, a postura de algumas empresas agrava o problema. A falta de investimento nos funcionários muitas vezes leva à "demissão silenciosa", pois os empregadores podem acreditar que têm mais controle sobre os trabalhadores em um mercado com menos oportunidades. Isso resulta em uma menor motivação para inspirar suas equipes.

No entanto, a desmotivação dos funcionários é prejudicial para as empresas, pois leva à perda de produtividade. Os especialistas enfatizam que as empresas deveriam se esforçar para engajar seus funcionários, melhorando as condições de trabalho e oferecendo suporte para a saúde mental e qualidade de vida.

Nela Richardson, economista chefe da empresa de RH ADP, em Nova York, destaca a importância de garantir que os trabalhadores se sintam apoiados e priorizados. Ela também aponta que, em tempos de tensão econômica, os empregadores devem reconhecer as circunstâncias dos trabalhadores e adotar medidas para manter sua força de trabalho motivada.

A realidade é que muitos trabalhadores podem ser forçados a permanecer em seus empregos atuais, mesmo que não os agradem. A menos que as empresas tomem medidas para melhorar a satisfação e a motivação de seus funcionários, a "demissão silenciosa" pode se tornar a norma, com os trabalhadores fazendo apenas o mínimo necessário até encontrarem uma oportunidade de mudar de emprego.