NOTA MEDÍOCRE

Após caso de racismo, Livraria da Travessa diz acolher "manifestações culturais"

A livraria sequer citou a palavra "racismo" na nota, supostamente de retratação, por conta do tratamento racista dispensado à cientista Nina da Hora e sua irmã na unidade do Rio de Janeiro

Livraria da Travessa no Leblon, onde Nina da Hora foi alvo de racismo.Créditos: Divulgação
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A Livraria da Travessa, através de sua conta no Instagram, divulgou uma nota no domingo (6) em que comenta o episódio de racismo que cientista da computação Nina da Hora foi alvo, na última semana, em uma unidade da empresa no Leblon, Rio de Janeiro. O texto, no entanto, sequer leva a palavra "racismo", que foi substituída por "atitude discriminatória"

Conforme noticiado pela Fórum, Nina contou que estava na livraria com sua irmã quando foi impedida por um segurança olhar alguns livros que estava interessada. "O segurança se sentiu no direito de me seguir e parar em cima dos livros que eu estava olhando. Eu tive que falar o valor que eu gastei da última vez que foi alto e depois falar com a gerente", relatou. 

O caso ganhou grande repercussão e, após pressão, a livraria, finalmente, resolveu se manifestar. A nota, no entanto, só piorou a situação: a livraria fala em "manifestações culturais" e não fala em racismo

"A Travessa vem a público reforçar seu posicionamento de que não compactua com nenhuma prática discriminatória de qualquer natureza. Pelo contrário. É nossa missão incluir, divulgar, promover o acesso a todas as manifestações culturais, e acreditamos ter um histórico que comprova isso", diz um trecho do texto. 

A repercussão negativa foi imediata. "Demorou tanto a se pronunciar pra meter uma nota dessas?", questionou, por exemplo, a cantora Teresa Cristina, em meio a inúmeros comentários do tipo. 

Confira 

Livraria antirracista 

Nina da Hora resolveu aproveitar a repercussão do episódio de racismo que sofreu para colocar em prática uma ideia que já tinha: a da criação de uma livraria antirracista

Para isso, a cientista da computação colocou no ar uma campanha de financiamento coletivo. "Eu acredito na educação antirracista, eu acredito em espaços que de fato pessoas negras e indígenas possam ter PAZ e RESPEITO pra ler e estudar. Então, diante dos absurdos desenrolados, quero, sim, no Rio de Janeiro, criar uma livraria que eu, você, nós possamos frequentar sem perseguição de ninguém. Pode demorar mas eu tenho visão e esperança!", escreveu Nina. 

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