RACISMO

Globo demite diretor acusado de racismo, mas passa pano: “assédio moral”

Artistas negros de "Nos Tempos do Imperador” teriam sofrido diferença de tratamento no ambiente de trabalho em relação ao elenco formado por atores brancos

Cena de Nos tempos do Imperador.Créditos: Divulgação TV Globo
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A novela finalmente terminou. Vinicius Coimbra, o diretor artístico de "Nos Tempos do Imperador”, acusado de racismo por três atrizes foi demitido nesta sexta (11), pela TV Globo.

Davi Tangerino, o advogado de Coimbra, confirma a informação, mas afirma que seu cliente estava sendo desligado da empresa sob o argumento de que praticou assédio moral.

A TV Globo, por sua vez, afirma que não comenta "apurações de relatos recebidos por sua ouvidoria, em razão de sigilo” (leia a nota da emissora abaixo).

Privilégios

Vinicius Coimbra afirma em nota à coluna de Mônica Bergamo que foi comunicado do seu desligamento por assédio moral. "Nas últimas semanas, muito foi dito a meu respeito. Por isso, agradeço àqueles que prezaram por uma apuração responsável dos fatos, sem atribuir a mim atitudes que não condizem com a minha índole, minha história ou que não são da minha competência", diz.

"Como homem branco, porém, reconheço minha responsabilidade por atitudes que reproduzem privilégios. Eu sinceramente não gostaria que isso tivesse acontecido e estou empenhado para que não se repita. Desculpei-me à época e me desculpo novamente. Reafirmo meu profundo respeito pelo elenco da novela. Quero poder contribuir para juntos repararmos esta situação e construirmos um futuro melhor", continua.

Segundo consta na queixa levada ao compliance, artistas negros da novela das seis teriam sofrido diferença de tratamento no ambiente de trabalho em relação ao elenco formado por atores brancos.

O compliance da emissora abriu um procedimento.

Veja abaixo a nota da Globo na íntegra:

"Sobre a sua consulta e em relação a notícias recentes a respeito de denúncias envolvendo a novela ‘Nos Tempos do Imperador’, a Globo reitera que não expõe apurações de relatos recebidos por sua ouvidoria, em razão do sigilo garantido a todos os colaboradores em seu código de ética e que, por isso, não vai se manifestar sobre o assunto.

Preconceito racial é uma prática não tolerada pela Globo. A fim de manter seu ambiente corporativo livre de discriminação, a empresa conta com um sistema de compliance atuante, com treinamentos de conscientização frequentes de seus colaboradores e um código de ética que proíbe a discriminação e pune severamente as violações apuradas.

Mas reconhecemos que, como ocorre em todos os segmentos da sociedade, há muito a avançar no caminho da diversidade, para além das rigorosas regras de compliance que praticamos no nosso dia a dia a esse respeito. Em relação à novela ‘Nos Tempos do Imperador’, a empresa acredita que poderia ter adotado precauções extras para abordar a temática racial, nas diversas dimensões que a produção exigia. Nesse sentido, foram identificadas oportunidades de aperfeiçoar nossos processos internos para tratar adequadamente esta e outras temáticas sensíveis, garantindo que sua abordagem contribua para o avanço no caminho da diversidade, preservando a sensibilidade do público e de nossos colaboradores.

Este processo contínuo em busca de oportunidades de melhoria é possível em virtude da crença da Globo no permanente diálogo e na criação de mecanismos para intensificá-lo, especialmente com seus colaboradores, que desde o ano passado estão engajados em treinamentos específicos sobre Diversidade e Inclusão e em grupos de afinidades de mulheres, negros e negras, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência para a promoção de ambientes cada vez mais inclusivos e representativos. Através de iniciativas como essas, conduzidas pela área de Diversidade e Inclusão, criada em 2020, e que fazem parte da ampla política de diversidade da empresa, a Globo avança e aperfeiçoa seus processos internos, atenta sempre para as legítimas demandas que se apresentam, sem perder o foco nos princípios que constituem a sua essência."

Com informações da coluna de Mônica Bergamo