Em meio à investigação aberta pelo setor de compliance da Rede Globo sobre denúncias de racismo supostamente praticado pelo diretor artístico Vinícius Coimbra, da novela "Nos Tempos do Imperador", surgiu uma nova acusação: Coimbra teria obrigado atores negros do folhetim a gravar cenas durante um dos picos da pandemia de Covid-19, enquanto atores brancos teriam sido poupados e convocados a gravar somente depois, em um momento mais tranquilo com relação à crise sanitária.
As informações são do blog Notícias da TV, do portal UOL. "De acordo com um diretor da emissora que participou da decisão de afastar Vinicius Coimbra de suas atividades à frente de Mar do Sertão, a denúncia mais grave foi ele ter colocado o núcleo da Pequena África para gravar primeiro, sem necessidade, em plena pandemia. O 'elenco branco', como ele costumava falar, só voltou aos Estúdios Globo bem depois, quando a pandemia havia acalmado um pouco mais", escreve a colunista Carla Bittencourt.
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Entenda
Uma denúncia de racismo levou o setor de compliance da Rede Globo (área responsável por fiscalizar o cumprimento de normas éticas e parâmetros legais de uma empresa) a abrir uma investigação para analisar a conduta de profissionais da emissora que trabalham no set de gravação da novela “Nos Tempos do Imperador”.
Segundo as reclamações levadas à direção da Globo, os atores e atrizes negros estariam recebendo “tratamento diferente” daquele dispensado aos companheiros de profissão brancos durante as gravações do folhetim das seis. A rede de televisão não confirma, tampouco nega, a chegada da queixa, o que segundo ela iria contra a política de não comentar assuntos que estão nas mãos do compliance, prevista em seu código de ética interno.
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"Temos também uma ouvidoria para receber quaisquer relatos de violação ao código. Todos são apurados criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento, e as medidas necessárias são adotadas, com garantia de absoluto sigilo aos denunciantes e colaboradores sobre as apurações", disse a assessoria da Globo à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
“Nos Tempos do Imperador”, ainda que reconhecida pela crítica como uma reconstrução caprichosa do ambiente que abrange parte do reinado de Dom Pedro II, recebeu uma série comentários negativos pela forma romantizada como a novela aborda a questão da escravidão. Uma cena que envolveu a personagem Pilar, interpretada pela atriz Gabriela Medvedovski, branca, dizendo que estava sofrendo racismo (“reverso”) já tinha despertado uma avalanche de críticas.
Globo teria tentado abafar
A Rede Globo teria abafado a denúncia de racismo nos bastidores da novela “Nos Tempos do Imperador”, de acordo com o blog "Na Telinha". A emissora teria feito uma operação de guerra para que o assunto não viesse à tona com a novela ainda no ar temendo represálias dos patrocinadores.
O episódio gerou o afastamento do diretor da novela, Vinícius Coimbra, a primeira medida que a emissora tomou após as investigações internas.
O departamento de compliance da casa continua apurando o episódio internamente e não descarta a possibilidade de demissão do profissional, bem como de outras pessoas também denunciadas pelas atrizes Cinnara Leal, Dani Ornellas e Roberta Rodrigues.
No último sábado (19), as atrizes divulgaram um comunicado em conjunto. “Neste momento nós não vamos nos manifestar sobre o ocorrido. Estamos nos recuperando e precisamos de forças para seguir. Estamos acompanhadas de um corpo jurídico e tudo corre em sigilo. Nós queremos agradecer todo apoio, acolhimento, carinho e amor recebidos de todos vocês como cura neste momento. Nós não vamos sucumbir por antes de nós, por nós e para além de nós! Logo em breve será possível falar com todos”, diz a nota.
A emissora foi procurada para falar do assunto, mas não se manifestou.