DIREITOS TRABALHISTAS

GRAVE: Ifood deixa entregadores sem receber; entenda o que aconteceu

Entregadores do aplicativo não tiveram acesso aos repasses de dezembro; Ifood publicou nota a respeito

Créditos: Reprodução redes sociais
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A condição de trabalho dos entregadores de aplicativos já são, em geral, bastante precárias. As jornadas são extenuantes e o ganho irrisório, sendo que há um debate jurídico ainda inconcluso sobre a obrigatoriedade de vínculo empregatício. Normalmente o veículo utilizado é fornecido pelo próprio trabalhador, que também adquire com seus próprios recursos aquelas mochilas com isopor utilizadas para as dezenas de entregas realizadas diariamente. Trabalho muito procurado por não exigir muitas qualificações, sem necessidade de um processo de admissão para seleção, os entregadores contam apenas com o que ganham por hora trabalhada. Pois nem isso foi garantido aos moroboys que operavam pela Sis Express.

A empresa, que prestava serviços terceirizados de entrega para o iFood, não pagou os repasses do mês de dezembro, conforme alertam usuários do Twitter. A firma com sede no Rio de Janeiro decretou falência e os funcionários, que atuam em todo o país, denunciam que não foram sequer avisados. Os motoboys chegam a trabalhar aproximadamente 12 a 14 horas por dia e raramente têm folga. 

Calote

Os entregadores recebiam repasses quinzenais e muitos só descobriram que levariam calote nesta segunda-feira (26), quando colegas que trabalhavam para a mesma empresa compartilharam a notícia de que a Sis Express decretou falência e seria fechada. Eles afirmam que não receberam repasses relativos às entregas feitas no mês de dezembro.

Segundo Celso Pinto, um dos advogados trabalhistas que está à frente do caso, a Sis Express não fez o depósito dos valores devidos a diversos entregadores. Ele ainda informa que as redes sociais institucionais da empresa foram desativadas e o proprietário não foi mais localizado. "Eles não deram nenhuma declaração pública em um comunicado oficial. Houve uma manifestação do iFood informando que o dinheiro que os funcionários não receberam, irão pagar de forma escalonada. Primeiro eles fecharam a sede do Rio de Janeiro e sumiram do mapa", informou o advogado a reportagem do Correio 24 horas. Celso explica que a suspeita é de que a Sis Expres tenha fechado justamente pelo volume crescente de condenações trabalhistas. 

Sem prazo 

No site do iFood, em comunicado feito na quarta (27) a empresa informou que está em contato com a Sis Express para entender a decisão de suspender as atividades sem comunicado prévio aos funcionários e "buscar a melhor solução possível para todos os entregadores e as entregadoras que foram impactados por essa medida". Em seguida, o iFood informa que houve um combinado com a Sis Express para que a empresa honre os pagamentos em aberto "o mais breve possível". Já em novo texto, publicado nesta quinta (28), a nota diz que "estamos levantando os valores e os dados bancários de cada profissional para que os pagamentos sejam feitos o mais breve possível", sem deixar claro quem arcará com tais pagamentos. Também não foi estabelecido prazo para o acerto.

Aos entregadores que atuavam com a empresa responsável pelo calote, o texto mais atual do iFood diz que terão seus cadastros desvinculados desse Operador Logísitco (OL) e que serão migrados para o modelo nuvem. O cadastro "nuvem" permite trabalhar direto com o iFood, sem empresa intermediária. O entregador se cadastra, loga no aplicativo no momento em que estiver disponível para entregas, aí quando recebe um chamado, tem que aceitar e seguir para o estabelecimento retirar o pedido para entregar em seguida. Ocorre que há uma preferência do Ifood pelos Operadores Logísticos (OLs), de forma que, a depender da concorrência na loclidade, um entregador nuvem pode ficar horas logado sem receber chamadas.

Prioridade

Chama atenção o fato do iFood não ter se comprometido a arcar com os valores em aberto junto aos trabalhadores para então cobrar o montante devido pela Sis Express da empresa que decretou falência. Afinal, os entregadores trabalham para uma empresa que presta serviços ao iFood, o que pode implicar responsabilidade solidária. Também seria uma forma de dar uma demonstração pública clara de que de fato "a prioridade do iFood neste momento é assistir os entregadores e as entregadoras impactadas", conforme a corporação escreveu em seu comunicado.

Confira a íntegra da nota do iFood:

ATUALIZADO EM 28.12.22 ÀS 19h53

Informamos que, nas cidades em que a SIS Express encerrou suas atividades, os cadastros de todos os entregadores e entregadoras de sua frota já estão sendo desvinculados do operador logístico e migrados para o segmento nuvem a partir de hoje (28/12). Tais profissionais estão sendo informados por mensagem direta a eles, contendo mais detalhes desse processo.

A SIS Express manterá atividades em algumas cidades até o dia 15 de janeiro e os entregadores também serão comunicados individualmente.

Nós do iFood reiteramos o nosso compromisso com entregadores e entregadoras e estamos levantando os valores e os dados bancários de cada profissional para que os pagamentos sejam feitos o mais breve possível. A nossa prioridade nesse momento é dar suporte a esses profissionais, inclusive buscando caminhos para que eles possam continuar trabalhando com o iFood se assim desejarem.

NOTA PUBLICADA EM 27.12.2022

Nós do iFood estamos em contato com a SIS Express a fim de entender a decisão da empresa de suspender as suas atividades e buscar a melhor solução possível para todos os entregadores e as entregadoras que foram impactados por essa medida. A nossa prioridade é dar suporte a esses profissionais, inclusive buscando caminhos para que eles possam continuar trabalhando com o iFood se assim desejarem. Com relação a eventuais pagamentos em aberto, conforme combinado com a SIS Express, as dívidas serão honradas e as transferências dos valores devidos serão realizadas o mais breve possível.

Para os entregadores e as entregadoras que mantinham relação com a SIS Express nas cidades em que a empresa deixar de operar, os seus respectivos cadastros serão desvinculados do operador logístico e qualquer um dos seguintes caminhos poderão ser escolhidos:

1. Migração para o modelo nuvem;
2. Transferência para outro operador logístico que atue na cidade em questão.

Reforçamos que a prioridade do iFood neste momento é assistir os entregadores e as entregadoras impactadas.

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