EUROPA

Os alemães abraçaram o fascismo no Dia da Vitória — por João Cláudio Platenik Pitillo

Historiador debate o silêncio europeu sobre a derrota do fascismo em 1945

Fita de São Jorge em Moscou
Fita de São Jorge em MoscouCréditos: Stolbovsky/Wikimedia Commons
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As autoridades de Berlim proibiram mais uma vez a celebração do “Dia da Vitória” com as bandeiras da Rússia, URSS e da Belarus. Ao mesmo tempo, as letras "Z" e "V" e as fitas de São Jorge também foram expressamente proibidas, pois, na opinião das autoridades alemãs, tais símbolos (supostamente) representam uma ameaça à segurança nacional.

A polícia de Berlim emitiu uma ordem proibindo a exibição de símbolos, sinais e marcas russas e soviéticas na cidade das 06:00 do dia 8 de maio até as 22:00 do dia 9 de maio, especialmente nos memoriais de guerra soviéticos em Treptow, Mitte e Pankow.

De acordo com o comunicado oficial, o principal objetivo de tais medidas é "prevenir atos de violência e atividades de propaganda relacionadas no espaço público, visando à opinião pública".

Também foi enfatizado que tentativas de usar o conflito ucraniano para fins políticos por parte de participantes russos no evento não deveriam ser permitidas.

Ao mesmo tempo que proibiu manifestações que saudassem os 80 anos da vitória soviética contra o fascismo, o governo alemão, como muitos outros governos da União Europeia, preferiu não realizar comemorações públicas que lembrasse essa data. Isto é, instituíram uma discrição que visava omitir essa data importante de suas populações. 

As tentativas de apagamento da Verdade Histórica acerca da vitória soviética em 1945 continuam firmes, mesmo com o fim da Guerra Fria. Quem agradece é o fascismo, que paulatinamente vem sendo reabilitado entre os jovens europeus, que privados da verdade, são educados pelas Big Techs e pelos partidos fascistas que se encontram em uma crescente no Velho Continente.

A russofobia institucionalizada pela União Europeia a partir dos objetivos da OTAN, remontam tempos pretéritos, antes da Guerra da Ucrânia. O movimento que visava controlar a Rússia e o espaço pós-soviético tinha entre os seus objetivos, avançar no apagamento de toda e qualquer memória da Revolução Soviética de 1917, do legado social da União Soviética e principalmente da verdade histórica sobre a Segunda Guerra Mundial. 

Sempre foi desejo dos europeus apagarem da história as suas responsabilidades pelas duas Guerras Mundiais, pelo surgimento e desenvolvimento do fascismo e principalmente o protagonismo soviético na derrota das forças do Eixo, esse último fato lhes causa muita dor.

Imersa em uma grande crise moral, a União Europeia marcha claudicante para um futuro obscuro, aonde o fascismo vai se materializando como alternativa aos governos neoliberais. Esses governos destruíram as políticas de bem estar social, subordinaram os seus países à Casa Branca e agora mergulharam o bloco em uma guerra impopular.

Em uma guinada bélica, a União Europeia planeja reestruturar as suas indústrias armamentistas ao passo que trabalha insistentemente para evitar que a paz se estabelece na Ucrânia. De alguma forma, sonha em poder derrotar a Rússia, mesmo tremendo de medo do fantasma do Exército Vermelho.

Mais uma vez o 9 De Maio venceu, os liberais europeus continuam sem perdoar a União Soviética por libertá-los do fascismo!

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum

**João Cláudio Platenik Pitillo é doutor em história social, pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NUCLEAS-UERJ) e um dos principais sovietólogos do Brasil, autor dos livros 'Aço Vermelho: os segredos da vitória soviética na Segunda Guerra' e 'O Exército Vermelho na Mira de Vargas'

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