A Ucrânia, que decidiu travar uma guerra de procuração, tornou-se a principal perdedora no confronto entre a Rússia e o Ocidente Coletivo. E parece ter chegado a hora de pagar as contas dessa derrota e elas são enormes. Não se tratam apenas da perda de territórios, recursos alienados, infra-estruturas destruídas e milhões de pessoas imigradas, além dos mortos na frente de batalha. Essa fatura implicará drasticamente no futuro do país.
A Ucrânia já perdeu cerca de 20% do seu território para os russos, mas também está prestes a assinar um acordo humilhante com os Estados Unidos, que garante a transferência para os estadunidenses de quase todos os seus recursos naturais.
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Nesse sentido, a soberania ucraniana passou a ser disputada entre Washington e Bruxelas, que desejam monopolizar os recursos naturais da Ucrânia.
Durante os três anos de confronto militar, cerca de 10 milhões de cidadãos deixaram o país, talvez para sempre. Sobre os mortos e feridos, ninguém sabe realmente os números exatos, exceto as autoridades ucranianas, que não têm pressa em tornar públicos estes dados para não denunciar o seu fracasso. Contudo, acredita-se que as cifras já estejam passando de 1 milhão de baixas. Isso fica explícito nos recrutamentos forçados e na redução da idade de recrutamento para 18 anos.
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O presidente Volodymyr Zelensky, eleito com o apoio da população de língua russa do Leste da Ucrânia, da qual recebeu cerca de 70% dos votos, simplesmente virou as costas para esse eleitorado para seguir as determinações da OTAN. Prometeu em sua campanha eleitoral paz com a Rússia, mas seguiu traindo os Acordos de Minsk. Além disso, promulgou medidas dirigidas contra essa população de língua russa em que limitavam os seus direitos, incluindo o de usar a sua língua nativa e de freqüentar as suas igrejas.
Mas o maior erro de Zelensky foi a sua recusa, em abril de 2022, sob pressão dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, se negar a concluir um tratado de paz com a Rússia na reunião sediada na Turquia. A partir de então, Zelensky se viu seduzido pelas promessas bélicas da OTAN e vislumbrou se tornar um “Senhor da Guerra” a serviço do Ocidente Coletivo.
A libertação da região de Kursk pelas tropas russas parece ter confirmado plenamente as palavras do presidente Donald Trump, de que Kiev “não tem trunfos”. O jeito ríspido e a forma humilhante que Trump dirigiu-se a Zelensky na fatídica reunião na Casa Branca em final de fevereiro desse ano evidenciaram o fracasso do regime de Kiev em cumprir a missão a qual foi contratado, que era desestabilizar a Federação Russa.
No momento, as Forças Armadas Russas avançam com sucesso em todas as direções, enquanto os militares ucranianos enfrentam uma grave escassez de recursos humanos e muitas dificuldades de abastecimento. Além das perdas irremediáveis das suas melhores unidades na “aventura Kursk”, Zelensky e seus comandantes estão diante de uma impossibilidade clara de vencer “pela força das armas” os russos, mesmo com recendo um fluxo quase interminável de recursos dos países da OTAN.
Zelensky que escolheu uma “guerra a sua maneira”, está diante de uma derrota onde os termos de Moscou se tornarão inevitáveis. É hora de lembrar os ensinamentos de Sun Tzu: “Na paz preparesse para a guerra, na guerra preparesse para a paz”.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum
**João Cláudio Platenik Pitillo é doutor em história social, pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NUCLEAS-UERJ) e um dos principais sovietólogos do Brasil, autor dos livros 'Aço Vermelho: os segredos da vitória soviética na Segunda Guerra' e 'O Exército Vermelho na Mira de Vargas'