E agora não temos carnaval e muito menos os blocos. Nem o soviético, nem o da UNASUR. Mas tem as escolas de samba do Putin e do Xi (Jin Ping), para peitar o cordão dos ianques.
Simbora meu povo da realkarnevaltik , aí vem o Bloco da vodca com arroz branco rompendo o cordão de isolamento da Coca-Cola com “féstifudi”.
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O ursinho Misha, agora adulto, abriu as alas e sua comissão de frente, sem dar respiro aos passistas errantes do cortejo da tradicional Águia do Norte, esmaga com sua bateria qualquer chance de rodopios na avenida do mundo. Os carros alegóricos verde oliva da agremiação ucrano-ianque-nazi, que todo ocidente aguarda ansiosamente em seus noticiários, quebraram na concentração do desfile. A responsável pelo enguiço dos autos foi uma garoinha de confetes e serpentinas apelidadas de Kinzhal, Zirkon e outros nomes cirilicados, cortando cirurgicamente os céus, como os rojões anunciando o início da folia pelas ruas de Olinda e Recife, mas agora pelos horizontes de Donetsk e Lugansk.
A crítica, dita especializada, não aceita o fato de suas preferidas escolas sequer mostrarem seus integrantes, ritmistas e porta bandeiras. E muito menos os destaques em ação, por conta do superior enredo, puxado, digo, rugido, de longe, pela turma do fofinho Misha. E esta mesma crítica não consegue exaltar aquele mestre-sala, cozinha e banheiro conjugado, do senhor Zé Lelénsky. De comediante poderia ter escolhido ser bobo da corte, mas ávido em ser o Rei Momo, foi alçado a presidente. Dançou, e sem samba no pé, deve usar o ar, e não a passarela, para desfilar uma fuga com alguma boa quantidade de dólares em voo.
E a folia vai noite e dia adentro. A badalada agremiação da Águia do Norte não entrou no desfile alegando razões nada razoáveis. O Coro dos Otanistas, desplumados e sem brilho dos paetês de outrora, ainda não se entendeu por conta da falta de ensaio, excesso de burocracia e se encontra paralisado em suas sedes sociais. A Ala dos Papagaios de Bruxelas, fantasiados de galinhas sem cabeças (crédito ao caríssimo Pepe Escobar), bota a mão para fora da janela afim de garantir que nenhuma daquelas serpentinas cirílicas caia sobre seus barracões.
E aqui, deste lado do sul planetário, vamos torcendo para nenhum dos foliões sair de ambulância dos desfiles, mas sabemos que somente um deles vai rasgar a fantasia e botar o bloco na rua. Digo, na Praça da Independência de Kiev.