ARQUITETURA

O que é retrofit? Conheça estilo que moderniza preservando

Por que derrubar se é possível reinventar? Essa é a pergunta central do estilo retrofit, abordagem arquitetônica que une demandas contemporâneas de eficiência, tecnologia e sustentabilidade a estruturas clássicas

Prédio.Créditos: Unsplash
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Por que derrubar se é possível reinventar? Essa é a pergunta central do estilo retrofit, abordagem arquitetônica que une demandas contemporâneas de eficiência, tecnologia e sustentabilidade a estruturas clássicas, preservando sua natureza, mas modernizando-a.

Mas, ao contrário das reformas mais tradicionais, que se limitam a restaurar ou a reforçar as formas já existentes das construções tradicionais, o retrofit se propõe a adicionar certa originalidade ao que já existia. Uma espécie de híbrido arquitetônico que, por fim, se transforma em um estilo inédito. Isso porque o retrofit pensa em termos de recriação e reformulação dos espaços: além de melhorar a configuração hidráulica e térmica de um ambiente, dando a ele uma função mais prática nas demandas do mundo moderno, adapta seus propósitos, faz modificações deliberadas na planta para brincar com símbolos e construir ainda novos usos.

Uma das técnicas é manter a fachada ou a estrutura original de prédios com valor histórico, atualizando-os por dentro de forma sustentável. Antigos saguões podem se transformar em bibliotecas; salas de estar viram espaços de co-working (trabalho coabitado); e espaços antes clássicos se unem a soluções contemporâneas, como a adição de elementos em vidro e metal.

Um dos exemplos dessa tendência é o Sesc 24 de Maio, em São Paulo, prédio que conserva o design da antiga loja de departamentos Mesbla, mas que foi ressignificado pela arquitetura de Paulo Mendes da Rocha para se transformar em centro cultural, preservando sua estrutura original.

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Sesc 24 de Maio
Créditos: divulgação

Quatro pilares de concreto robusto atravessam o edifício do Sesc, criando uma estrutura independente para novos volumes. Um teatro foi feito no subsolo, e o terraço tem uma piscina grande como espaço de lazer e prática esportiva.

Rampas em zigue-zague foram adicionadas para conectar os espaços, o que produz a sensação de que o edifício é uma grande cidade verticalizada, urbana mas integrada, sem o personalismo individualista das cidades. O projeto brinca com o simbolismo de uma vivência moderna, mas integrada.

Ainda no terraço, um bar com espelho d'água dá para uma vista panorâmica da cidade, e praças cobertas e jardins internos brincam com o funcionalismo do concreto para criar pequenas pausas de luz natural, descompressão e, ao mesmo tempo, uma integração visual e estética com o concreto da cidade, os prédios do entorno e a paisagem urbana de forma geral.

Além disso, na lista dos sete melhores museus do mundo, premiados pela edição de 2025 do Prix Versailles, há três grandes exemplos de retrofit: o Kunstsilo, museu norueguês que adapta um silo construído na primeira metade do século XX em casa moderna de design, respeitando o brutalismo; o Museu de História Natural de Cleveland, nos EUA, que redesenhou a art déco de seu prédio para torná-lo moderno e lembrar glaciares; e o Museu Joslyn, em Nebraska, que integra um complexo de três eras da arquitetura em um único conjunto harmônico.

Além de uma proposta inovadora, o retrofit também se propõe, como estilo arquitetônico que preserva as estruturas, a ser uma solução para a transformação constante de grandes cidades, como recurso de preservação de uma memória antiga que, no entanto, precisa se modernizar.

No centro de cidades históricas, como Diamantina, em Minas Gerais, é comum ver edifícios coloniais transformados em agências bancárias; antigos casarões que viram bares e restaurantes; e a história das cidades vai se modificando sem apagar os detalhes que a formaram.

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