NOVO MOMENTO

Cineasta brasileiro participa de competição oficial no Festival de Berlim

Rosa Caldeira leva o curta “Anba dlo” à competição oficial da Berlinale Shorts

Cineasta brasileiro participa de competição oficial no Festival de Berlim.Créditos: Divulgação
Escrito en CULTURA el

O cinema brasileiro ganha mais um motivo para celebrar. O curta-metragem “Anba dlo”, dirigido e roteirizado pelo cineasta paulista Rosa Caldeira, foi selecionado para a Berlinale Shorts, competição oficial de curtas do Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale), um dos mais prestigiados do mundo. A produção, uma co-produção entre Brasil, Cuba e Haiti, é a única representante brasileira na disputa.

Rosa Caldeira, que também participará da Berlinale Talents – plataforma de networking e desenvolvimento para profissionais emergentes do cinema –, é um cineasta trans e favelado, formado em Sociologia e especializado na Escuela Internacional de Cine y TV (EICTV), em Cuba. Com uma trajetória marcada por vivências periféricas e transmasculinas, Rosa já dirigiu filmes, videoclipes para artistas como Irmãs de Pau e campanhas para grandes marcas como Latam, Amazon e Mercado Livre. Ele também é um dos fundadores da APTA (Associação de Profissionais Trans do Audiovisual).

“Recebi a notícia da seleção e custei a acreditar. É um dos festivais mais importantes do mundo, com mais de 5 mil inscritos só na nossa categoria e apenas 20 selecionados”, afirma Rosa.

 

Representatividade e reconhecimento

Para Rosa, a seleção em Berlim é uma vitória simbólica, especialmente para um artista de origem periférica. “O universo das artes é elitista e excludente. Essa seleção já é um prêmio enorme, uma validação para a carreira de qualquer um, mas, para mim, um cineasta trans e favelado, é ainda mais significativo. Mesmo com prêmios e conquistas, ainda sinto que tenho que me provar o tempo todo”, reflete.

O curta Anba dlo, co-dirigido e roteirizado com a cineasta Luiza Calagian e produzido por Ursana Filmes, Maloka Filmes, Mata Fechada Filmes e Kinolakay, narra a história de Nadia (Berline Charles), uma bióloga haitiana que pesquisa a flora e a fauna de Cuba. O filme aborda temas como perda, migração e espiritualidade, inspirados pela experiência pessoal de Rosa, que perdeu o pai durante as filmagens.

“Espero que o público e a crítica se conectem com a essência do filme, porque ele fala sobre algo universal: o luto e como lidamos com a perda. O filme também tem uma camada política importante, questionando quem tem o direito ao luto e como a espiritualidade não-cristã e a comunidade podem nos ajudar a atravessar barreiras”, explica o diretor.

Trajetória e novos projetos

Rosa Caldeira já coleciona conquistas no cinema. Seu filme anterior, “Perifericu”, recebeu mais de 35 prêmios e foi exibido em cerca de 200 festivais, incluindo o Festival de Tiradentes e o Curta-Kinoforum. Ele também participou de eventos como o Festival de Málaga, o Festival de Locarno e o Cine Qua Non Lab, no México, além de ter levado o projeto Ocupatrans ao Festival de Cannes.

Atualmente, Rosa prepara o novo curta “Saudades, Maloqueira”, gravado na Zona Sul de São Paulo, e busca financiamento para seu primeiro longa-metragem, Felicidade. Ele celebra o momento atual do cinema brasileiro, impulsionado por sucessos como “Ainda Estou Aqui” e Fernanda Torres em festivais internacionais.

“Estamos no momento ideal para que mais cineastas recebam o reconhecimento que merecem, mas isso exige oportunidades. A seleção em Berlim é importante, mas não precisamos esperar validação internacional para valorizar nossos artistas. Temos talentos incríveis espalhados pelo Brasil, mas ainda faltam investimentos, produtoras e políticas públicas que nos apoiem. O futuro das artes no Brasil é agora!”, conclui.

O Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale) 2025 acontece entre 6 e 16 de fevereiro.

 


 

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar