O Ministério Público da Bahia (MP-BA) convocou uma audiência pública para discutir uma denúncia envolvendo a cantora Claudia Leitte, de 44 anos, após a alteração na letra da música Caranguejo. A controvérsia surgiu quando o nome de Iemanjá foi substituído pelo termo Yeshua, que significa "Jesus" em hebraico, refletindo as crenças cristãs da artista.
O MP-BA abriu um inquérito para apurar se a mudança representa danos morais à honra e à dignidade das religiões de matriz africana. A cantora recebeu prazo de até 15 dias para se manifestar sobre o caso.
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A audiência pública está marcada para o dia 27 de janeiro, às 14h, em Salvador, e poderá contar com depoimentos dos compositores da canção, caso o MP considere necessário. O advogado Hedio Silva Jr., que representa os denunciantes, celebrou a iniciativa do órgão. Segundo ele, a audiência será essencial para coletar provas e permitir que a cantora apresente sua posição oficial.
Entenda a denúncia
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A modificação na letra ocorreu durante uma apresentação da cantora, quando ela cantou "Eu canto meu Rei Yeshua" no lugar de "Saudando a rainha Iemanjá". A substituição foi interpretada como uma postura discriminatória por líderes religiosos e organizações como o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).
A denúncia formal foi feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, que considerou a conduta de Claudia Leitte como "difamatória, degradante e discriminatória". Após a polêmica, a cantora voltou a usar a versão alterada da canção, o que intensificou as críticas.
Repercussão e debate
A denúncia reacendeu o debate sobre liberdade de expressão e respeito à diversidade religiosa no Brasil. Especialistas destacam que é fundamental equilibrar o direito à expressão pessoal com o respeito às crenças e tradições de diferentes grupos.
A iniciativa do MP-BA em abrir o inquérito gerou críticas e apoios. Enquanto alguns questionam a prioridade dada ao caso frente a outros desafios no estado, como a violência urbana, outros defendem a importância de abordar temas relacionados à intolerância religiosa.
O caso segue em investigação, e a audiência pública será um espaço para debate transparente e esclarecimento dos fatos. A expectativa é de que o processo contribua para promover a tolerância e o respeito entre diferentes manifestações culturais e religiosas no Brasil.