ERROU FEIO

Saiba por que Claudia Leitte usou “Yeshuá” para não saudar Yemanjá

Além do absurdo de cometer um ato de violência contra a fé alheia, a cantora embarcou numa canoa furada, fruto de uma intepretação “teológica” muito equivocada

Saiba por que Claudia Leitte usou “Yeshuá” para não saudar Yemanjá.Claudia Leitte em show de lançamento de seu EPCréditos: Divulgação
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Muitas pessoas ficaram se perguntando, depois do triste episódio da cantora Claudia Leitte, mais uma vez substituindo “Yemanjá” por “Yeshuá” num de seus shows.  Além do absurdo de cometer um ato de violência contra a fé das religiões de matrizes africanas (já que era simples a solução, bastava não cantar a música cuja letra ela não concorda), Leitte embarca numa canoa furada, fruto de uma intepretação “teológica” muito equivocada e criticada pelos estudiosos da Bíblia e da linguagem.

Desde os anos 90, quando uma onda rejudaizante tomou conta de comunidades cristãs no Brasil, muita gente tem questionado o uso do nome Jesus para se referir ao Filho de Deus, argumentando que este nome deveria ser substituído por Yehoshua, ou sua forma mais abreviada Yeshua, que acreditam ser a forma correta e enfatizando a importância do nome hebraico para a verdadeira salvação. Para esta corrente “teológica” os nomes em hebraico são os únicos verdadeiros e carregados de sentido.

A briga pela pronúncia correta invadiu as igrejas nos anos 90

Esses indivíduos apontam passagens bíblicas que destacam a importância do nome em hebraico, afirmando que a salvação só pode ser encontrada nesse nome. Eles criticam o nome Jesus como uma criação posterior influenciada por culturas pagãs, desconectando o nome verdadeiro do Redentor.

No entanto, a transliteração do nome Jesus (Iesous) do hebraico para o grego e posteriormente para o latim é um processo linguístico comum e não uma invenção. A Septuaginta, tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, usava Iesous para Josué, e o Novo Testamento grego manteve essa forma para Jesus, indicando uma continuidade histórica e linguística.

Os livros do Novo Testamento foram escritos em grego, a língua comum da época, e referem-se a Jesus como Iesous. A argumentação de que o nome Jesus tem origens pagãs demonstra desconhecimento da história da tradução bíblica. Tanto rabinos judeus quanto apóstolos cristãos usaram Iesous em seus escritos, seguindo normas linguísticas de transliteração.

Portanto, a forma grega Iesous e, posteriormente, Jesus, têm valor dentro das Sagradas Escrituras e na história do cristianismo. Para a fé cristã, a “salvação” está na pessoa de Jesus Cristo, e não na forma específica do nome. Acreditar, então, que a forma hebraica tem mais “poder” que a forma latina, que usamos até hoje, é mais um erro além do racismo religioso que a cantora carioca cometeu ao mudar Yemanjá por Yeshuá.

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