Indicada ao Oscar pelo documentário "Democracia em Vertigem" (2019), pelo qual ficou internacionalmente conhecida ao denunciar o golpe contra a então presidenta Dilma Rousseff, a cineasta mineira Petra Costa estreia um novo documentário que analisa o impacto do fundamentalismo religioso no Brasil durante a pandemia de covid-19 e a gestão de Jair Bolsonaro (PL), intitulado “Apocalipse nos Trópicos”.
O nome faz referência ao período conturbado da pandemia no Brasil e do negacionismo científico que se espalhou pelo país após declarações do ex-presidente contra as vacinas e as medidas protetivas contra o vírus, que ceifava naquele momento em média 2 mil pessoas por dia. Como mostra essa reportagem da Fórum de 2021, a diretora já estava acompanhando e filmando senadores que integravam a CPI da Covid para um apanhado de depoimentos.
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“Apocalipse nos Trópicos” oferece uma análise profunda da intersecção entre religião e política na sociedade brasileira desde o governo Bolsonaro, que transformou a religião evangélica em instrumento político de ódio. O longa inclui depoimentos de figuras influentes tanto do meio evangélico quanto da esfera política, como o pastor Paulo Marcelo, apelidado de “pastor do Lula” nas eleições de 2022. Ainda não se tem uma data certa para lançamento no Brasil.
O Festival de Veneza, que acontece entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro, anunciou a lista de filmes que concorrem ao Leão de Ouro, o principal prêmio do evento. Entre as produções listadas também está o novo longa-metragem de Walter Salles ("Central do Brasil"), "Ainda Estou Aqui", que tem Fernanda Torres e Selton Mello como protagonistas, além de Fernanda Montenegro no elenco.
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Democracia em Vertigem, de 2019
Lançado em 2019, o filme oferece uma perspectiva íntima e reveladora sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma e o impacto desse ocorrido na democracia do país. O documentário oferece uma visão pessoal e crítica sobre os eventos políticos que ocorreram no Brasil entre 2013 e 2018, destacando o ambiente polarizado e as tensões sociais que culminaram na destituição da presidente.
Construída a partir de imagens de arquivo, entrevistas e reflexões pessoais, a produção cinematográfica termina com duas frases importantíssimas para entender o que viria pela frente: “O juiz Sergio Moro é nomeado ministro da Justiça de Bolsonaro” e “Lula permanece preso”.
“Antes de fazer o filme eu não tinha ideia de quão importante é para o Brasil passar por uma autorreflexão. Todos os personagens dessa crise em que estamos deveriam fazer uma autorreflexão profunda. Espero que o filme, independentemente da posição política de quem vê, possa gerar diálogos sobre o valor da democracia”, disse a diretora à época.