ESTREIA

Luis Fernando Verissimo ganha retrato inédito em novo documentário

Angelo Defanti, diretor de “Verissimo”, fala com exclusividade à Fórum sobre longa que mergulha na personalidade de um dos escritores mais conhecidos do país

Capa do documentário 'Veríssimo'.Créditos: Divulgação
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Em setembro de 2016, quando estava prestes a comemorar seu 80º aniversário, o escritor Luis Fernando Verissimo se tornou o protagonista do documentário “Verissimo”, dirigido por Angelo Defanti. A produção foi selecionada para o Festival É Tudo Verdade 2024 e fará sua estreia nos cinemas em pelo menos 13 cidades hoje (2), incluindo Brasília, Cuiabá, Rio de Janeiro e São Paulo. 

Distribuído pela Boulevard Filmes, em parceria com a Vitrine Filmes e Spcine, o documentário faz um mergulho profundo na rotina e na personalidade de um dos escritores mais conhecidos do Brasil, também famoso pela sua introspecção. Defanti, que é fã e já conviveu com o autor, fala com exclusividade à Fórum sobre como tudo foi pensado. “Motivado pela minha convivência não apenas com o Luis Fernando, mas também com os outros integrantes da família Verissimo. Havia ali naquele grupo um funcionamento muito particular e muito afetuoso”, afirma. 

A história de amizade construída entre os dois também foi um ponto de partida para a criação do longa. “Apesar de um deles muito tímido orbitado por outros muito introspectivos, eles ainda sim clicaram, eram muito entrosados, colocavam em pequenos gestos suas demonstrações de amor, e participando muito efetivamente da vida do outro. Nessa dinâmica me pareceu haver um filme, mais do que um documentário sobre um escritor”, disse Defanti.

Da Literatura ao Cinema

Desde pequeno, o diretor tinha Verissimo como sua inspiração. “Saí da Turma da Mônica e embarquei na prosa por suas crônicas. Quando decidi fazer cinema, ter cruzado com suas crônicas teve direta participação em querer contar histórias e reproduzir algumas das experiências literárias que ele havia me proporcionado. Realizei dois curtas baseados em contos seus, e meu primeiro longa do ficção foi a partir e “O clube dos anjos”, conta ele.

Para gravar, foi todos os dias a sua casa. “Para manter essa constância, compreendi logo que seria importante criar variações nos horários e nas atividades que registrava. Os 90 minutos do filme são fruto de análise de quase 100 horas totais de material. A proposta inicial era ter os últimos 15 dias de 79 anos de um homem e os primeiros 15 de 80. Na montagem, vimos que o dia do aniversário em si era o inevitável clímax da história – guardadas as devidas proporções que um sujeito pacato consegue viver de clímax”, revela.

Crédito: Divulgação

Ele ainda conta que a produção ocorreu em um momento político muito difícil no país, o Impeachment de Dilma em 2016, e que a política, parte fundamental da vida de Veríssimo, “concerniu ao filme tudo o que quiseram saber do Verissimo à porta das comemorações dos 80 anos. Ainda que à época o país vivesse o resvalado emocional de um impeachment traumático e sendo Verissimo um público opositor do processo.”

Segundo Defanti, há uma entrevista em que o escritor é perguntado sobre essas questões: “sobre como foi escrever na ditadura, não tanto sobre o estado de coisas do presente. Houve também um pedido de que um autógrafo em uma bandeira fosse ao lado do da Dilma. Como muitos dos tópicos, os assuntos se infiltram discretamente no filme, um pouco como o fluxo da vida, feito de uma miríade de situações”, ressalta ele.

Explorando o subjetivo  

Créditos: Divulgação

O filme mostra camadas ainda desconhecidas do escritor, explorando seus pensamentos, rotinas e processo criativo. A família também participa da produção. “Ele é quase um anti-personagem. O desafio era transformar a inação em algo luminoso. A estratégia foi oscilar entre uma observação muito próxima com uma investigação ampliada ao seu arredor. É um filme calmo e tranquilo, como o sujeito que examina, mas nutrido constantemente pela ideia de que uma pessoa é resultado de seu ambiente tanto quanto influencia nele”.

“A linguagem do filme emula a forma de Verissimo se postar no mundo, com uma câmera discreta, observadora e calma. O tempo do Verissimo parece ser diferente do mundo ao redor e o filme entra nesse novo espaço”

Crédito: Divulgação

A família já se reuniu para assistir cada episódio da série e o diretor está curioso para saber a opinião do autor sobre as filmagens. “Eles estão assistindo aos poucos, um capítulo de cada vez. E todos têm adorado. Nesse dia de estreia, 02 de maio, embarco para Porto Alegre e saberei as impressões dele em primeira mão."

Um documentário que não fala do Veríssimo retratado na frente das telas, mas que reflete a necessidade de sentir o tempo, as memórias e pensar as rotinas que levamos através do marido de Lucia Helena, pai de Pedro, Maria e Fernanda, e avô da Lucinda e do Davi, o Luis Fernando Veríssimo. Não só da escrita vive um escritor, mas da rotina, das pessoas e de tudo aquilo ao seu redor que o constitui e também o inquieta e o leva a transformá-la. "Todos os ambientes alvoraçados e o Luis computando pouco o que se passa, mantendo um descompasso carismático com esse entorno."

Assista ao trailer oficial:

 

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