CINEMA NACIONAL

‘Grande Sertão: Veredas’ chega aos cinemas brasileiros em adaptação única

Clássico da literatura brasileira, releitura da obra de Guimarães Rosa se baseia nas periferias brasileiras; Guel Arraes, de O Auto da Compadecida, é o diretor do longa

Pôster do filme 'Grande Sertão: Veredas'.Créditos: Divulgação/Paris Filmes
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“A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”,. Utilizando a mesma linguagem poética da obra original, a produção faz uma adaptação da história escrita há quase 70 anos para os tempos atuais. O novo filme, baseado no livro “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, datado em 1956, vai estrear nos cinemas brasileiros esta semana e se desenrola em um complexo de favelas conhecido como “Grande Sertão”. Os personagens principais, os jovens Riobaldo e Diadorim, são retratados vivenciando os efeitos devastadores da guerra urbana.

"Numa grande comunidade da periferia brasileira chamada “Grande Sertão”, a luta entre policiais e bandidos assume ares de guerra e traz à tona questões como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo. Riobaldo entra para o crime por amor a Diadorim, mas nunca tem a coragem de revelar sua paixão. A história, narrada por Riobaldo, é marcada pela presença de um personagem enigmático, Diadorim, que se torna um grande amigo dele e desperta sentimentos complexos. A identidade de Diadorim é um mistério constante para Riobaldo, que lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. Nesse percurso transcorre as batalhas e escaramuças da grande guerra do Sertão", informa a sinopse de “Grande Sertão”.

A adaptação cinematográfica conta com a direção de Guel Arraes, mesmo diretor de O Auto da Compadecida. O roteiro é assinado por Jorge Furtado e o elenco é composto por Caio Blat como Riobaldo, Rodrigo Lombardi interpretando Joca Ramiro, Eduardo Sterblitch como Hermógenes, Luis Miranda no papel de Zé Bebelo, Mariana Nunes como Otacília, e Luellem de Castro interpretando Nhorinhá.

‘Maior obra da língua portuguesa’

Em entrevista ao Fantástico deste domingo (2), o diretor do longa-metragem e de "O Auto da Compadecida 2", Guel Arraes, contou as principais motivações para a criação do enredo. “Essa história surgiu com dois desejos, porque todo mundo sabe mais do que eu que essa é a maior obra da língua portuguesa. E  outro desejo de fazer um filme sobre a guerra urbana no Brasil. Nos demos conta que a história do ‘Grande Sertão’ que se passa no final do século XIX e início do século XX”.

Segundo ele, o filme vai além de questões morais como o bem ou o mal e “retrata uma guerra entre jagunços, cangaceiros e polícia, situação que cabe perfeitamente ao contemporâneo para trazer a luta travada entre bandidos e policiais hoje em dia”

“Estamos vivendo uma tragédia social. Não é banal que morra uma criança com bala perdida”, destaca Arraes.

“Consegui realizar muito do que eu queria”, afirmou o diretor do longa à Veja. “Com Grande Sertão, cheguei a um lugar aonde eu nunca tinha ido. De abrangência e mergulho em uma obra tão grande. Usei todos os meus recursos, tudo o que sei fazer está ali, toda a minha bagagem, estou tranquilo. Fiz o que pude e está entregue.” Também em entrevista ao programa da TV Globo, Caio Blat, que interpreta o professor Riobaldo, afirmou que o livro de Guimarães Rosa é “literalmente Riobaldo sentado contando a história dele para o viajante que ele recebe", diz.

 A saga de Riobaldo e Diadorim é transportada para um cenário urbano e subdistópico no filme Grande Sertão, que estreia nas telonas nesta quinta-feira (6/6). O filme é o resultado de um extenso trabalho cinematográfico que começou antes mesmo da pandemia de Covid-19. Veja o trailer: