BABY DO BRASIL

Xuxa reage à pregação de Baby do Brasil: “decepção faz parte do seu nome"

O estranho encontro entre Ivete Sangalo e a cantora/pastora em Salvador continua dando o que falar

Xuxa e Baby.Créditos: Divulgação/Reprodução de Vídeo/Montagem
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O estranho encontro entre Ivete Sangalo e a cantora/pastora Baby do Brasil ocorrido no último sábado (10), em Salvador continua dando o que falar. Baby disse, entre outras coisas, que o apocalipse está se aproximando e que é preciso "procurar o Senhor [Deus]". Ivete reagiu com bom-humor e o desfile seguiu, mas as polêmicas ficaram.

A apresentadora Xuxa Meneghel comentou sobre o assunto nas redes sociais do reverendo Caio Fábio D’Araújo Filho. A ex-rainha dos baixinhos afirmou estar decepcionada com Baby e elogiou a atitude de Ivete.

"Caio, você é muito educado para responder, ou mesmo criticar uma situação sem entendimento nenhum, me dá vergonha de atitudes como essa, pois a Baby é alguém que me decepcionou, sempre tive muito carinho por ela e hoje… tenho certeza que a decepção faz parte do seu nome", comentou.

Xuxa disse ainda:

"Veveta foi simplesmente linda e educada também… como você."

Fala Baby

Baby também comentou sobre o assunto. Ela afirmou que é amiga de Ivete Sangalo e citou Mahatma Gandhi, para dizer que "divergência de opinião não é motivo para brigas".

"Quando ela ia parando [o trio], eu ouvi no meu ouvido direito o Pai [Deus] falar: fala, fala tudo, agora. O que é que eu posso fazer gente? Eu tenho que obedecer e eu obedeci. São coisas que eu já ouvi há muito tempo e a minha boca falou do apocalipse e do arrebatamento", disse.

"O mundo está louco, o apocalipse tem que acontecer, não tem jeito. É a única maneira de Deus interferir na Terra porque os anjos caídos já estão todos aqui embaixo, já está virando zona. O arrebatamento é maravilhoso, é para as pessoas do bem. Seremos arrebatados. Dê ouvido aos apóstolos, dê ouvido ao que está escrito. Procure o Senhor enquanto é possível achá-lo. No tempo de Noé foi muito pior", insistiu Baby.

E encerrou:

"Eu amo a Ivete ela é uma amiga antiga e Jesus a ama muito mais ainda! Tudo o que aconteceu está na direção de Deus! Em breve faço uma live pra gente falar sobre esse assunto, e para quem interessar possa", disse.

Distante do chiste

Um tanto distante da piada rocambolesca que se tornou a situação, o cientista Político e Sociólogo, Jocimar Silva, professor no IPOL UnB, chamou a atenção em sua conta do X, antigo Twitter, sobre a cena.

“Precisamos falar sobre Ivete, Baby e a Teologia do Domínio”, alertou. “Vocês conhecem Ivete e Baby como cantoras até melhor que eu. Mas a cena deste carnaval que recolocou Baby em evidência diz muito sobre outra coisa da qual precisamos falar: a teologia do domínio”, disse.

Segundo ele, “Baby não é mais a ‘Baby do Brasil’, mas a ‘Baby das Nações’, como disse seu líder apostólico Renê Terra Nova (um Malafaia menos conhecido) há alguns anos. Baby agora é parte de uma coalizão apostólica global. Mas de que se trata?”.

O sociólogo explica que “a coalizão apostólica global é um movimento que busca ‘restaurar’ o governo apostólico, considerando todos os outros ‘chamados’ ministeriais (pastor, profeta, mestre, evangelista) subjugados a um/a apóstolo/a.”

“Parece até inclusivo, já que as mulheres podem ser ‘apóstolas’ (se comparado a outros segmentos evangélicos que não aceitam que as mulheres possam ao menos ensinar. Mas não. A ‘restauração’ ou criação de rede de apóstolos trata-se um projeto maior de domínio”, alerta.

“Primeiro um domínio sobre outros segmentos cristãos, com o alvo de colocar todos os cristãos sob a hierarquia do ‘manto’ apostólico. Há também um projeto de governo (mas não só político institucional), mas também de governo religioso, cultural, econômico, social”, ensina.

Apóstola Baby das Nações

Ele lembra que “Baby, ou melhor, Apóstola Baby das Nações, agora trabalha no projeto de expandir a cultura gospel para os espaços não alcançados. Inclusive ela declarou isso em entrevistas quando voltou aos palcos, anos depois da sua conversão”.

“Na perspectiva da Teologia do Domínio, à qual Baby e a coalizão apostólica internacional se filia, a sociedade é constituída por ‘montes’ sob os quais o conservadorismo cristão deve governar: igreja, educação e ciência, economia e negócios, governo, cultura e entretenimento.

O carnaval, sendo a maior festa popular do Brasil, não iria ficar de fora dessa. A Teologia do Domínio diz que as igrejas não devem mais fazer retiros, mas devem ficar e ocupar as cidades lutando contra os deuses carnavalescos”, descreve.

E aponta também que “quem acompanha o carnaval em Salvador e outras cidades de festas mais intensas já deve ter visto os ‘blocos gospel’. Eles não querem aceitar a cultura brasileira, eles querem impor a ‘cultura gospel’.

Foi exatamente isso que vimos em Campina Grande, na Paraíba, onde um grande evento gospel conservador é realizado todos os anos na cidade (inclusive esse ano queriam trazer um pregador estadunidense defensor da escravidão). Aí o prefeito gospel tentou proibir o carnaval”.

“Baby não é uma chapada no puro suco de sincretismo no carnaval do Brasil. Aquilo foi programado. E se repetirá muito por aí, não só nas festas”, encerra.