O cantor, produtor e percussionista Carlinhos Brown correu em defesa da cantora carioca (sim, ela é nascida em São Gonçalo) Cláudia Leitte, criticada por cantar o verso "Eu canto ao meu Rei Yeshua" no lugar do original, "Saudando a rainha Iemanjá" da canção "Caranguejo", de Alan Moraes, Durval Luz, Luciano Pinto e Nino Balla.
"O Guetho é uma casa laica. Todas as pessoas têm direito a ter suas manifestações. (...) É uma coisa que eu não queria estar falando porque é polêmica, e eu tenho uma espiritualidade muito acentuada. Mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista", disse Brown.
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"Para quem não sabe, Yeshua é Oxalá e Oxalá é marido de Iemanjá. Dá licença, não quero me meter em polêmica. (...) Se ela mudou a letra, a responsabilidade é dela como artista. Mas imaginar que ela é uma pessoa racista, isso é um grande engano", acrescentou.
A fala do secretário
A atitude de Cláudia Leitte de trocar o verso tem incomodado desde 2014, quando se tornou evangélica. A repercussão cresceu após o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, publicar um texto com duras críticas à cantora.
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Em texto publicado no Instagram, Tourinho afirma que a palavra "axé" vem de origem yorubá e, "com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada axé music".
"Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo", escreveu ainda o secretário.
O post de Tourinho foi curtido por inúmeras pessoas, entre elas a cantora Ivete Sangalo, que ainda escreveu "Sim!", seguido por emojis de palmas em concordância.
Passada de pano de Brown
Para o pastor evangélico Zé Barbosa Jr., “não é só uma questão de racismo ou intolerância... a lógica é outra... é de domínio, é violência!”, afirma. “É impor a minha verdade sobre a do outro na marra. É o que acontece com o "bolinho de jesus" (acarajé)... é uma apropriação cultural, atividade colonizadora ao extremo. Apagamento da cultura do outro”, destaca.
“Ainda que haja o sincretismo”, diz ainda Barbosa, “foi uma tentativa de passada de pano terrível do Brown. “Porque Oxalá pode ser Jesus – na tentativa de sobrevivência que foi o sincretismo – mas Jesus para Claudia Leitte nunca será Oxalá”, encerra.
O ator e bacharelem direito André D’Lucca postou um react com críticas duríssimas a Carlinhos Brown. Veja abaixo: