LEILÃO

Fóssil de dinossauro vira ‘ativo financeiro’ e tem ações vendidas por US$ 68,75

O fóssil mais completo de um estegossauro (stegosaurus), dinossauro que viveu durante o período Jurássico Superior, foi encontrado em 2022, no Colorado

Molde do crânio de um S. stenops.Créditos: Museu de História Natural de Utah
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O fóssil mais completo de um estegossauro (stegosaurus), dinossauro que viveu durante o período Jurássico Superior (há aproximadamente 155 milhões de anos), foi encontrado em 2022, em Moffat County, no Colorado. 

O esqueleto do dinossauro, com 254 ossos preservados (de um total de 319), tem cerca de 8,2 metros de comprimento e 3,4 metros de altura. Em julho de 2024, esse espécime foi colocado a leilão pela Sotheby's, uma das maiores corretoras de arte e colecionáveis, com sede em Nova York, e vendido por US$ 44,6 milhões ao diretor de um fundo de investimentos, Kenneth C. Griffin. 

Fóssil de estegossauro. Créditos: Sotheby's

Foi o fóssil mais caro já leiloado, apesar de ainda não estar completamente escavado — mas esse movimento desagradou a várias pessoas, sobretudo da comunidade científica.

A transformação do fóssil em artigo privado seria prejudicial às pesquisas futuras do espécime, afirmaram paleontologistas de todo o mundo à época.

Mas o movimento que viria a seguir surpreenderia ainda mais os cientistas e o mercado: uma empresa privada anunciou que colocará novamente o fóssil à venda, mas agora como ativo financeiro

Na sexta-feira (20/12), o fóssil do estegossauro vai ser transformado em ações privadas, vendidas a US$ 68,75 cada. Serão, ao todo, 200 mil ações, de acordo com a Rally, a empresa responsável pela venda, especializada em "ativos alternativos" de itens colecionáveis, fundada em 2016 e sediada em Nova York. 

As ações devem ser comercializadas pelo site da empresa, e, após um ano, quando o fóssil voltar a leilão — ou for negociado entre partes privadas —, os acionistas deverão receber como retorno de seu investimento parcela do saldo, cujo lucro vai ser determinado pelo novo valor de compra.

O "mercado dos fósseis" é algo relativamente novo, mas já reúne entusiastas. 

A Rally desembolsou US$ 2,25 milhões para ter os direitos do fóssil, além de financiar as escavações, feitas por uma empresa privada.

Uma vez que as ações são adquiridas, não é possível negociá-las novamente: o investidor permanece com elas até o próximo leilão do "espécime premium", como o descreveu o cofundador da Rally. 

As escavações desse dinossauro já estão 67% concluídas, e a preocupação dos cientistas envolve, além da posse privada de materiais importantes para o desenvolvimento de pesquisas genéticas e estudos arqueológicos, a normalização de escavações financiadas por partes privadas com o objetivo final de comercialização.

Steve Brusatte, professor de paleontologia da Universidade de Edimburgo, afirmou à CNN que "os super ricos sempre serão capazes de superar os museus quando um dinossauro for vendido no mercado aberto". Ele espera que, se houver alguém "com meios para adquirir um fóssil como esse, que o doe a um museu". 

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