VULCÃO

Nova descoberta sobre vítimas do Vesúvio desmente narrativas e surpreeende pesquisadores

Descobertas arqueológicas com DNA mostram novidades sobre os habitantes da antiga Pompeia

Ruínas de Pompeia.Créditos: Paul Kelley via Flickr commons
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Pompeia foi uma antiga cidade romana localizada na região da Campânia, próxima à Baía de Nápoles, no que hoje é o sul da Itália

Sob o domínio romano, a cidade era um centro cultural e comercial, conhecida pelo estilo de vida luxurioso de seus habitantes mais ricos, por templos e anfiteatros suntuosos — e, hoje, por sítios arqueológicos ricos e ainda misteriosos para os pesquisadores.

Já foram desenterrados do território que costumava ser Pompeia milhares de evidências impressionantes, como estátuas, afrescos e objetos de uso cotidiano de seus antigos habitantes. 

Mas é o fim trágico dessa cidade e de sua população que mais chama a atenção: 79 anos d.C., o vulcão Vesúvio cobriu Pompeia de cinzas e lava, numa erupção catastrófica responsável por “esconder” a cidade sob uma espessa camada de material vulcânico por mais de mil anos. 

As vítimas da tragédia, além disso, ficaram "incrustadas" na cidade, em estruturas de pedra, em construções colapsadas e outros registros materiais que abrigavam seus corpos carbonizados.

Ao longo dos anos, conforme esses corpos foram encontrados, diversas narrativas foram criadas para explicar as posições em que faleceram e como eram suas formas de vida, como é o caso de uma suposta mãe encontrada abraçada com uma criança pequena

Novas evidências encontradas e divulgadas pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, sugerem que essas narrativas estiveram, frequentemente, erradas.

De acordo com o que disse Alissa Mittnik à CBC, as narrativas construídas em torno das vítimas de Pompeia "têm diferentes interpretações", e amostras de DNA encontradas no local podem explicar melhor os equívocos.

Ao estudar o local da antiga Pompeia, Mittnik e seus colegas descobriram que a famosa "mãe que segurava sua filha" era, na verdade, um homem, e ele não tinha qualquer ligação biológica com a criança. 

Essas descobertas foram publicadas na revista Current Biology, e, em conjunto com a Universidade de Harvard e a Universidade de Florença, analisaram materiais genéticos perdidos há mais de dois mil anos para obter informações sobre a vida em Pompeia antes da erupção do Vesúvio. 

O homem cujo DNA foi recentemente analisado usava uma joia de ouro, que antes tinha servido de base para entendê-lo como uma mulher. A joia ainda deu nome à casa em que os corpos foram encontrados, conhecida como "a casa da pulseira de ouro". 

Perto desses dois corpos estavam os de um adulto e outra criança, que se pensou, por muito tempo, ser o resto da família.

Mas as evidências mostraram que todos os corpos adultos eram de homens, e nenhum deles era parente entre si. 

Em agosto deste ano, arqueólogos desenterraram os restos mortais de duas vítimas, um homem e uma mulher, descobertos em um cômodo que demonstrava ser o quarto da casa onde moravam. 

Havia, na cama em que a mulher foi encontrada, uma "coleção de moedas de ouro, prata e bronze", além de brincos e outras joias preciosas. 

Outras descobertas impressionantes foram, no início do ano, uma série de pergaminhos gregos carbonizados pela explosão do vulcão. 

Cerca de 800 dos pergaminhos encontrados provavelmente pertenceram ao filósofo epicurista Filodemo, que escrevia sobre música, comida e "como aproveitar os prazeres da vida", de acordo com Nat Friedman, empresário norte-americano que organizou um concurso com prêmio em dinheiro para quem conseguisse usar inteligência artificial para ler um desses pergaminhos de mais de dois mil anos.

Essa série de descobertas recentes têm demonstrado que as histórias de Pompeia ainda têm muito a revelar, e seus habitantes foram por muitos anos "mal interpretados".