Um pesquisador do Departamento de Antropologia da Universidade do Havaí, em Manoa, pode ter descoberto uma nova espécie de humanos extintos há cerca de 300 mil anos: os Homo juluensis.
Após mais de 30 anos estudando ancestrais humanos na Ásia, o professor Christopher J. Bae publicou uma pesquisa na revista Nature Communications propondo a existência de uma nova espécie de hominídeo, que teria vivido em locais como a China, o Tibete e o Laos, em pequenos grupos, fabricando ferramentas de pedra que utilizariam para caçar cavalos selvagens, extrair peles de animais e sua carne para subsistência.
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De acordo com Bae, a possível nova espécie humana pode indicar uma revolução em como se organizam os registros fósseis do Quaternário Tardio, fase que compreende os últimos 300 anos da história geológica da Terra, especialmente os encontrados na Ásia.
É, afirma ele, como reorganizar um álbum de fotos de família, em que algumas imagens estavam desfocadas ou eram difíceis de identificar.
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“Este estudo esclarece um registro fóssil que frequentemente incluía qualquer coisa que não pudesse ser facilmente atribuída a Homo erectus, Homo neanderthalensis ou Homo sapiens”, explicou Bae. “Não esperávamos propor uma nova espécie de hominíneo ao iniciar este projeto, mas isso acabou sendo possível graças ao sistema que desenvolvemos.”
Junto ao Instituto de Paleontologia da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, ele pôde detalhar as principais espécies de hominídeos encontradas no leste e no sudeste asiático. Algumas delas são:
Homo floresiensis
- Descoberto na ilha de Flores, Indonésia, em 2003, e nomeado em 2004.
- Conhecido como "hobbit" devido ao seu tamanho diminuto, viveu entre 190.000 e 50.000 anos atrás.
- Apresentava adaptações insulares, incluindo estatura reduzida e habilidades de escalada.
Homo luzonensis
- Descoberto nas cavernas de Callao, nas Filipinas, em 2007, e nomeado em 2019.
- Viveu entre 67.000 e 50.000 anos atrás, com características que indicam adaptação à vida em florestas.
- Homo longi
- Nomeado em 2021 após a análise do crânio de Harbin, encontrado na China em 1933.
- Datação estimada entre 309.000 e 138.000 anos atrás.
- Possui características intermediárias entre Homo erectus e Homo sapiens.
Homo juluensis
- Identificado em fósseis das localidades de Xujiayao e Xuchang, na China, e formalmente descrito em 2024.
- Estima-se que tenha vivido entre 200.000 e 160.000 anos atrás.
- Inclui fósseis previamente associados aos misteriosos denisovanos, como os restos de Xiahe, Penghu e Tam Ngu Hao 2.
A nova espécie descoberta, o Homo juluensis, teria habitado o Leste Asiático há cerca de 300.000 anos e desaparecido há aproximadamente 50.000 anos, e inclui grupos como os denisovanos, conhecidos por meio de análises de DNA extraídas de fósseis.
A descoberta permitiu reavaliar a variabilidade morfológica entre as espécies, que parece ser muito maior do que o que se pensava, e é mais uma indicação da complexidade da evolução humana e pode ajudar a entender os padrões migratórios de humanos antigos a habitar o continente asiático.
A evolução humana foi um processo descentralizado, que envolveu diferentes adaptações e gêneros ao longo dos séculos. Explorar as conexões entre essas descobertas e seus análogos próximos e distantes pode servir como um lembrete de que a história humana permanece um mistério, e o estudo da Universidade do Havaí, por sua vez, pode ter proposto "uma nova espécie de hominídeo ancestral humano" que permitirá "organizar os fósseis da Ásia em diferentes grupos", diz Bae.