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Abaixo de zero, junto de pinguims: este é o emprego mais remoto do mundo

Quatro mulheres foram selecionadas para uma posição curiosa na Península Antártica

Cartas.Créditos: Pixabay
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A Ilha Goudier está situada na parte noroeste da Península Antártica, que se projeta em direção à América do Sul e às costas da Argentina e do Chile. É uma ilha rochosa, repleta de rochas vulcânicas e gelo perene (que permanece congelado o ano todo, mesmo nos meses mais quentes). 

Nela está localizada uma base britânica que costumava ser utilizada durante a Segunda Guerra Mundial.

Port Lockroy foi local de missões científicas e militares, mas, desde 2006, o United Kingdom Antarctic Heritage Trust assumiu sua gestão e conservação, e hoje opera ali um pequeno museu, uma estação de correio e uma loja de conveniência. Mas também se dedica a estudar a fauna local — principalmente as colônias de pinguins que habitam a região.

Há dois anos, quatro mulheres britânicas, Clare Ballantyne, Mairi Hilton, Natalie Corbett e Lucy Bruzzone, foram escolhidas para se mudar para a Ilha, onde devem administrar as instalações do UK Antarctic Heritage Trust — órgão britânico sem fins lucrativos dedicado a conservar bases do Reino Unido ao redor do mundo. 

Elas foram selecionadas a partir de um concurso que contou com mais de seis mil concorrentes e costuma ocorrer a cada quatro anos, a fim de dar oportunidade a pessoas que tenham interesse no trabalho mais remoto do mundo.

Os britânicos pretendiam ocupar de forma permanente essa região da Antártida desde 1943, mas as atividades atualmente realizadas no local são pacíficas e, com exceção do extremo frio antártico e de instalações não muito sofisticadas, relativamente fáceis. 

Como é trabalhar na agência de correios mais remota do mundo?

O posto de correios de Port Lockroy maneja cerca de 70 mil envios postais ao ano, de correspondências enviadas para mais de uma centena de países pelos turistas que visitam a região durante o verão.

Os postais recebidos, no entanto, costumam ser poucos. 

Isso porque, para enviar um postal para a Antártida, é preciso contatar uma embarcação que vá para as Malvinas e, de lá, siga para a ilha. Uma missão um pouco difícil.

Durante cinco meses do ano, as temperaturas da região ficam abaixo de zero. As instalações em que as funcionárias do posto dormem são formadas por camas beliche, não têm eletricidade e, o que talvez seja mais desesperador, não contam com instalações de banheiros modernos (ou seja, não há sistema de descarga). 

Entre as funções realizadas pelas funcionárias está, além do envio de cartas, a coleta e o envio de dados sobre os pinguins locais, que somam quase dois mil. 

Os pinguins gentoo naturais da ilha têm reproduzido cada vez menos, de acordo com os relatórios — nos últimos quatro anos, houve uma redução de até 60% no número de filhotes. Por isso, a agência também investiga as tendências de natalidade desses residentes locais.

E o salário?

As quatro vagas para operar na base postal, na loja de presentes e no museu são abertas por temporadas.

Os contratos costumam durar por metade do ano (seis meses), e os salários são de até US$ 2.300 por mês, a depender da função. 

Os custos de vida locais não costumam ser altos.