“Tínhamos muito material sobre seus sentimentos, suas emoções e também de suas reações ao que estava vendo no mundo. E, então, isso foi para nós um guia”, revelou a diretora peruana Carla Gutiérrez à Agence France-Presse (AFP). Ao explorar os diários, correspondências e entrevistas da grande pintora mexicana Frida Kahlo, a cineasta mergulhou nesses materiais para criar o mais recente documentário da artista.
Apaixonada pelo seu trbalho e ativismo, Gutiérrez afirmou que descobriu mais sobre a história dela ao encontrar um material guardado há muitos anos. “Há cerca de dois anos comecei a pensar novamente em sua história e comecei a ver o material que existia de sua própria voz. E descobri que ela podia contar grande parte da sua história”, disse.
Te podría interesar
Em março deste ano, o Amazon Prime apresentará “Frida”, que será a retrospectiva da vida de uma das grandes personalidades do século 20, narrada por ela mesma, porém, com uma abordagem íntima, diferenciando-se da tradicional narrativa autobiográfica.
O que Frida vai contar em “Frida”?
Segundo Gutiérrez, “o tema principal do filme é (...) uma mulher que não quer segurar sua voz”. O novo documentário adota uma abordagem cronológica, iniciando sua narrativa com a infância da renomada artista em Coyoacán, na Cidade do México. Durante esse período, Frida compartilhou sua vida com seu pai, um fotógrafo, e uma mãe de valores conservadores. “Era uma pessoa super complexa, com muitos medos, às vezes era uma pessoa difícil, tinha uma personalidade muito forte”, destacou a diretora.
O filme, em seguida, aborda a fase da adolescência, marcada pela expressão pessoal da jovem que escolhia se vestir como menino. Logo após o acidente de trânsito, a artista enfrentou sérias fraturas em seu corpo, sendo submetida a meses de procedimentos médicos e ao uso de um corpete, vivenciando uma existência permeada pela dor.
O documentário, posteriormente, explora o encontro crucial com Diego Rivera, o renomado muralista que se tornou simultaneamente fascínio e tormento em sua vida, abordando ainda seus posicionamentos políticos, amores e frustrações. Apesar de já conhecer a obra de Frida, Gutiérrez expressou surpresa ao se deparar com o sarcasmo e a fragilidade da artista nesta nova interpretação profissional. “Sabia que tinha senso de humor, mas o que não sabia eram as palavras que usava para expressar esse sarcasmo que tinha. Mas também a vulnerabilidade que tinha e que, em parte, não tinha respostas para tudo”.
Profundo debate sobre temas tabus
Para Gutiérrez, o fascínio pela pintora se deve à sua honestidade e sua abordagem em temas considerados tabus até os dias atuais, como aborto, feminismo, bissexualidade e prazer sexual, tanto em sua obra quanto em sua escrita.
“Não falamos dessas coisas (...) E era como se Frida estivesse gritando abertamente sobre essa dor e de forma muito explícita, não? Nessa época, nos anos 1930?."