E o Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro, optou pelo óbvio: oa showa de Roger Waters, ex-baixista, cantor e compositor da banda britânica Pink Floyd vão acontecer normalmente.
A extrema-direita em polvorosa tentou, mais uma vez sem resultado, censurar o artista que, durante o espetáculo, reproduz cena do filme “The Wall”, dirigido por Alan Parker a partir de canções da banda. Nela, Waters aparece com uniforme e símbolos semelhantes aos usados pelos nazistas.
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Os advogados Ary Bergher, Giulia Yakovleva Mendes Accurso e Nathalia Diniz Borges entraram com uma ordem para proibir o cantor de ingressar em território nacional por exibir os tais símbolos.
É dito e sabido por todos que acompanham a carreira do músico que ele é um contumaz combatente do nazismo e do fascismo. Seu pai, Eric Fletcher Waters, servia a Companhia Z do 8º Batalhão de Fuzileiros Reais, em 1944, quando morreu em combate contra as tropas de Hitler. Seu corpo nunca foi encontrado. Roger Waters tinha apenas cinco meses na ocasião.
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Crítica e não apoio
O MPF optou por arquivar o pedido insólito e sentenciou que os símbolos são usados no caso com a finalidade de criticar e não apoiar o regime nazista.
Os procuradores regionais dos direitos do cidadão Jaime Mitropoulos, Julio José Araujo Junior e Aline Caixeta ressaltaram, segundo informações da coluna de Ancelmo Gois, que todo discurso de ódio deve ser coibido, "sobretudo pelo fato de ser um fator de risco para a ocorrência de atrocidades massivas, como crimes contra a humanidade e genocídio". O que, obviamente, não é o caso de Waters.
Para alegria dos fãs de todo o Brasil, os shows vão ocorrer em outubro e novembro em Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo.
Antifascista
Por onde passa, Roger Waters cutuca a extrema-direita ao se colocar frontalmente contra políticos fascistas. O músico nunca se furtou a fazer duras críticas, inclusive a Jair Bolsonaro. Durante uma passagem sua pelo Brasil, em 2018, provocou indignação de meia dúzia de apoiadores do ex-presidente ao exibir no telão a frase “Ele Não”.
Já em 2022, iniciou a sua turnê "This is not a Drill", em tradução livre “Isto não é uma simulação” com um aviso no telão logo no início do show:
"Senhoras e senhores, por favor ocupem seus lugares, o show está pra começar. Mas antes vamos a dois comunicados públicos. Em primeiro lugar, por consideração aos que estão aí em volta, por favor desliguem seus celulares”, diz um letreiro.
Logo a seguir, o luminoso prossegue incisivo: “E em segundo lugar, se você for um daqueles que diz 'Eu amo o Pink Floyd, mas não suporto as visões políticas do Roger', bem, vai se foder... e se dirija para o bar agora. Obrigado, por favor sente-se e aprecie o show”.
O letreiro é acompanhado por uma locução que, ao final, é aplaudida pela plateia.