ROGER WATERS

Roger Waters completa 80 anos repletos de ótima música, política e polêmicas

Principal compositor e líder da fase áurea do Pink Floyd, compositor britânico antifascista prepara aposentadoria cheio de projetos

Roger Waters.Créditos: Divulgação
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Durante a passagem da sua turnê “Us + Them”, em 2018, por São Paulo, o cantor e compositor Roger Waters deixou bem claro o que pensava a respeito do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, com várias frases desabonadoras no telão.

O fato provocou a saída de algumas pessoas indignadas do estádio. Uma delas dizia que saiu de casa para se divertir, para ver um show de rock apenas, não para ouvir falar de política. O fato, recorrente mundo afora, fez com que Waters, na abertura da nova turnê de 2022, "This is not a Drill", exibisse no telão a seguinte mensagem:

"Senhoras e senhores, por favor ocupem seus lugares, o show está pra começar. Mas antes vamos a dois comunicados públicos. Em primeiro lugar, por consideração aos que estão aí em volta, por favor desliguem seus celulares. E, em segundo lugar, se você for um daqueles que diz 'Eu amo o Pink Floyd, mas não suporto as visões políticas do Roger', bem, vai se fuder... e se dirija para o bar agora. Obrigado, por favor sente-se e aprecie o show".

Para quem conhece a música, acompanha as entrevistas ou se arvorou a prestar a devida atenção ao filme “The Wall”, de Alan Parker, baseado nas canções do Pink Floyd, sobretudo de Waters, não há surpresa alguma. O músico sempre foi um dos mais politizados de sua geração, fato, inclusive, que colaborou para o seu rompimento com os outros membros da banda.

Grande compositor

Fora isso, é um grande compositor e contrabaixista. Não é à toa que o Pink Floyd é uma das melhores e mais bem sucedidas bandas de rock de todos os tempos. A despeito de músicos incríveis, com destaque para o guitarrista David Gilmour, um dos mais melódicos e expressivos de sua geração, o núcleo do som da banda são as composições de Waters.

É, sem sombra de dúvidas, o letrista, principal compositor e uma espécie de líder conceitual da banda, quem dava as diretrizes. Após sua saída, o Pink Floyd nunca mais conseguiu chegar nem perto dos álbuns anteriores. Apesar de “Division Bell”, de 1994, ser um ótimo álbum, ficou mesmo como uma exceção à regra.

A Momentary Lapse of Reason”, de 1987, o primeiro álbum após a saída de Waters, rendeu uma ótima piada do baixista. Perguntado sobre a sua opinião a respeito do disco, ele respondeu sem pestanejar: “a momentary lapse of reason (um momentâneo lapso de razão).”

Aposentadoria

Roger Waters chega nesta quarta-feira (6) aos 80 anos, com vários projetos que apontam para sua aposentadoria. Vai lançar em outubro um álbum com releituras do grande “The Dark Side of the Moon”, de 1973, álbum mais festejado da banda e um dos mais vendidos da música pop de todos os tempos.

Além disso, viaja pelo mundo com "This is Not a Drill", sua turnê de despedida que passa pelo Brasil em outubro e novembro, prometendo as duas coisas que sempre fizeram parte inerente de sua vida: ótima música e polêmicas.

Esse, no final das contas, é o preço que paga quem tem coragem de se colocar, manifestar suas opiniões sem medo. Atitude que passa ao largo dos manuais bem comportados dos artistas mais bem domesticados. Mas não de Waters.