O líder indígena Ailton Krenak resolveu se candidatar à vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL), aberta com a morte do historiador José Murilo de Carvalho. Krenak é franco favorito e, caso sua eleição se confirme, ele será o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na instituição centenária.
O ritual tradicional para se despedir do acadêmico morto e declarar a vaga aberta, chamado de sessão da saudade, aconteceu na tarde desta quinta-feira (17), na sede da ABL. Em seguida, as candidaturas poderiam ser submetidas.
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Krenak confirmou à Folha que, respeitando os trâmites, esperaria a vaga estar oficialmente aberta. "Decidi apresentar meu nome à ABL amanhã", afirmou.
A escolha do novo imortal acontece daqui a 45 dias e as inscrições serão recebidas nas próximas duas semanas.
Duas candidaturas à vaga de José Murilo de Carvalho foram apresentadas nesta sexta-feira (18), pela manhã: a de Krenak e a da historiadora carioca Mary del Priore, cuja eleição conta hoje com apoio menor.
Jupira e Krenak
O patrono da cadeira em questão, a número 5, é Bernardo Guimarães, romancista do séc XIX conhecido, por coincidência, pela novela Jupira, que contém traços indianistas com o erotismo de corpos indígenas.
O escritor indígena Daniel Munduruku pleiteou uma vaga na Academia há dois anos, para a cadeira deixada pelo crítico literário Alfredo Bosi, mas foi derrotado pelo médico Paulo Niemeyer Filho.
Ailton Krenak, nascido em 1953, em Itabirinha (MG), é um dos organizadores da Aliança dos Povos da Floresta, uma organização que reúne comunidades indígenas e ribeirinhas no eixo amazônico. Ele e autor das obras "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", "A Vida Não É Útil" e "Futuro Ancestral", que dão destaque à cultura indígena e à ancestralidade na história do Brasil.