A mais recente polêmica que domina as ruas de Salvador envolve o lançamento do filme sobre a boneca Barbie e uma das principia tradições culinárias e culturais da Bahia.
A história teve início quando a comerciante Adriana Ferreira dos Santos, conhecida como Drica, criou uma versão cor de rosa do acarajé, com o objetivo de homenagear a produção cinematográfica.
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A vendedora chamou a novidade de o “primeiro acarajé rosa do mundo”. Porém, a iniciativa recebeu inúmeras críticas nas redes sociais, principalmente com o argumento de que a mudança descaracteriza a iguaria emblemática da cultura baiana.
Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM), afirmou que o bolinho rosa não representa as tradições da venda do quitute. O ofício das baianas de acarajé é considerado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
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“É um patrimônio, não só o ofício, mas também o nosso acarajé. Para mim (o acarajé cor de rosa) também não é acarajé, é simplesmente um bolinho de feijão. E ela não pode ser chamada de baiana”, destacou Rita.
“Temos dois termos: a baiana de acarajé, de fato e de direito, que são aquelas que preservam a nossa cultura, que valorizam os nossos antepassados, e aquelas meramente vendedoras, que vão vender pelo dinheiro. Essa é uma que está vendendo pelo dinheiro. Ela não valoriza o nosso legado, ela não valoriza o nosso patrimônio", criticou a presidente da ABAM, em entrevista ao G1.
“Os brancos não valorizam o que é nosso, porque vamos valorizar o que é deles? Nós, o estado da Bahia, o maior em número de pessoas negras. Temos que valorizar o que é nosso, dos pretos. Por que vamos dar ‘Ibope’ para Barbie?”, questionou.
“Ressaltamos que o acarajé possui especificidades invioláveis e segue preservado como Patrimônio Cultural Imaterial e salvaguardado por nós. Logo, é inegociável que suas características sejam alteradas”, acrescentou Rita.
Criadora da novidade se defende das críticas
A proprietária do Acarajé da Drica se defendeu e alegou que a inciativa foi apenas uma brincadeira feita para esta semana, quando o filme chega aos cinemas.
“É uma brincadeira pela estreia do filme. Só vamos fazer essa semana. De forma nenhuma isso afeta as tradições. Eu gosto de inovar. Sempre prezo pela qualidade e em como levar meu produto até eles (clientes)”, disse.
“Eu não ligo, são pessoas infelizes (que criticam). Não altera nada em sabor. Eu sou uma comerciante do acarajé. É o nosso sustento. Tudo que eu faço gera polêmica e eu estou sempre pensando na qualidade. É muita falta de empatia. Não tem necessidade”, prosseguiu Drica.
A comerciante relatou que vende acarajé e abará há 15 anos no subúrbio de Salvador e é conhecida por sempre usar um “diferencial” em suas vendas. Ela já havia se tornado conhecida na capital baiana por ter inventado a venda do acarajé e do abará na barca de sushi. Desta vez, é o acarajé da Barbie.
O que é o acarajé
O acarajé é um bolinho de massa de feijão frito no azeite de dendê. A massa é feita com feijão fradinho moído, cebola, água, sal e cebola. A cebola é misturada à massa pouco antes da fritura do bolinho no azeite de dendê. O recheio é vatapá, caruru e camarão seco defumado.