DENÚNCIA

“Relação abusiva”: Novas declarações contra Wilma Petrillo, a viúva de Gal Costa

Ex-produtores da Musa da MPB corroboram as denúncias feitas na matéria da Piauí

Gal Costa e Wilma Petrillo.Gal Costa e Wilma PetrilloCréditos: Reprodução/Redes Sociais
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Cada vez mais ex-funcionários e colaboradores da cantora Gal Costa, morta em novembro de 2022, estão vindo a público para fazer novas denúncias contra a viúva Wilma Petrillo, corroborando os fatos narrados na matéria publicada na edição de julho da revista Piauí. 

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No texto, a viúva da cantora, que também era sua empresária, é acusada de assédio moral contra ex-funcionários, ameaças e golpes financeiros, além de levar Gal Costa, uma das maiores vozes do país, à falência.

André Pacheco, ex-empresário de Gal Costa na gravadora Sony e também responsável pela estratégia de marketing do disco “Estratosférica”, lançado em 2015, relatou em entrevista à revista Quem na última terça-feira (11) que Wilma Petrillo boicotou contratos e vetou um clipe por contar com um artista agênero como protagonista.

“Quando eu fui para a Sony, ninguém queria a Gal, ninguém queria o projeto [Estratosférica], mesmo que fosse maravilhoso, por causa dela [Wilma]”, disse. Era Wilma a responsável por assinar os contratos de Gal, mas Pacheco conta que ou ela não fazia o que havia sido combinado, ou não assinava o contrato. “Tudo que a gente decidia ‘agora’, daqui a três horas, quando ela chegava em casa, Gal me falava: ‘Ai, Pacheco, não vai rolar’. E eu: ‘mas por quê?’ Era sempre a Wilma por trás.”

O caso mais emblemático foi do clipe da música "Quando Você Olha Pra Ela". Pacheco conta que tudo estava autorizado, o vídeo havia sido gravado e estava pronto para ser divulgado, mas, aos 45 do segundo tempo, Wilma não autorizou a liberação. “Quando viu [o clipe], [Wilma] disse: ‘se tiver travestis, não entra’. Eu disse: ‘Mas, Wilma, não tem travestis. É estética agênero’. Ela: ‘travestis’ [enfatizando]”, contou o empresário. O clipe não foi lançado e está arquivado, tendo sido orçado em R$ 90 mil. Outra tentativa foi feita e mais um clipe foi gravado. Esse, Wilma reprovou por achar que “a Gal não estava bonita”.

Pacheco ainda diz que Gal teria sido demitida da Sony por conta de Wilma, porque ela não cumpria nenhuma norma, completando que Gal era, na verdade, uma vítima de Petrillo. Ele explica que “ela tinha uma dependência muito grande da Wilma. Se ela [Wilma] falasse: ‘vocês estão fora’, todo mundo estava fora. Qualquer embate, quem ganhava era a Wilma.” Para ele, a distância de Gal dos “baianos”, a quem ele não atribui nomes, era por isso. Wilma mantinha Gal em uma bolha a qual ninguém tinha acesso.

Sobre o assunto, o produtor Marcus Preto, que acompanhou Gal inclusive na época do disco “Estratosférica”, saiu em defesa da cantora em post publicado no Instagram também na terça (11). “Quase ninguém faz ideia dos mecanismos perversos de uma relação abusiva. ‘Mas se sicrano era tão terrível assim, por que fulano não botava ele pra correr?’ Fulano não consegue botar ninguém pra correr. Até porque ele nem sabe que está em uma relação abusiva. A vítima não tem culpa”, disse. Pacheco explica que na frente de Gal, Wilma era “a pessoa mais doce do mundo”, explicando que ela fazia uma “cortina de fumaça” na frente da Musa da Tropicália.

Outro ex-produtor de Gal Costa corrobora essa versão dos fatos. Em entrevista à Band, Paulo Lima, que trabalhou e morou com Gal nos anos 1970, disse: “Ultimamente [Gal] era uma pessoa fechada, uma pessoa que não procurava ninguém, as pessoas procuravam e não conseguiam falar com ela.”

Para Gal, eram as outras pessoas que haviam esquecido dela. Pacheco conta: “A Gal não fazia tarde de autógrafos há anos porque ela falava ‘ninguém me quer’. ‘Como não te quer?’, eu perguntava. ‘Eu queria tanto fazer o Serginho Groisman, mas ele não me quer’. O Serginho Groisman pedia ela toda semana para o programa, quem negava era a Wilma.

“A Gal é uma pessoa maravilhosa. A expressão que eu posso usar, talvez, é que ela foi iludida e tinha um certo medo da solidão. Da solidão, que eu falo, que a Wilma criou em sintomas nela. Porque a Gal nunca seria solitária. Nunca seria uma pessoa sozinha. Mas tudo o que a Wilma fez isolou a Gal”, concluiu Pacheco.

Wilma Petrillo ainda briga na Justiça pelo reconhecimento de união estável com Gal Costa, o direito à herança e a guarda do filho adotivo da cantora. Até agora, a viúva não se pronunciou contra a onda de acusações contra ela.