DENÚNCIA

Revelada a suposta onda de golpes e maus-tratos da viúva de Gal Costa

Wilma Petrillo destratava funcionários, separava Gal de família e amigos e teria levado a cantora à falência, diz matéria da Piauí

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A cantora Gal Costa, morta em novembro do ano passado, aos 77 anos, dividiu a vida por quase 30 anos com a empresária Wilma Petrillo, uma figura que, até então, sempre foi um mistério para os fãs da artista. Em reportagem publicada nesta quinta (6) pela revista Piauí, os segredos de Wilma vieram à tona. A empresária é acusada de assédio moral contra ex-funcionários, ameaças e golpes financeiros, além de levar Gal Costa, uma das maiores vozes do país, à falência.

Foram ouvidos seis ex-funcionários que trabalharam com Gal, seis amigos da cantora e um parente. A viúva também é acusada de ignorar os pedidos da voz de Vapor Barato com relação ao local de seu enterro. Gal queria ser enterrada no Rio de Janeiro, ao lado de sua mãe, mas, a mando de Wilma, jaz hoje em São Paulo, no mausoléu da família da viúva, em um enterro que, para os fãs, não fez jus à figura da cantora.

Golpes e assédio moral

A onda de golpes teria começado antes mesmo de Gal entrar em cena. Antes de conhecer Maria da Graça, Wilma namorava a arquiteta Margarida Jacy. As duas ficaram juntas por três anos e meio e haviam comprado uma casa, mas, ao conhecer Gal, Petrillo sumiu da vida de Jacy e nunca pagou sua parte pelo imóvel. Especula-se que Wilma gastou toda a herança deixada por sua rica família paulista e que viveria de golpes para manter o padrão de vida. Ao conhecer Gal, não teria mudado os hábitos.

Bruno Prado, médico e ex-amigo do casal, conta que Wilma lhe pediu 15 mil reais emprestado, com a desculpa de que Gal precisava de uma cirurgia. Após receber o dinheiro, Wilma sumiu da vida de Prado e começou a enchê-lo de ameaças, o que culminou em uma ocorrência registrada pelo médico e solucionada por uma audiência entre as partes em 2012.

Petrillo apareceu em outro boletim de ocorrência, desta vez em 2013, feito pelo então produtor de Gal Costa, Ricardo Frugoli. Ele conta que ela, além de humilhá-lo no dia a dia, o importunava com ameaças. Frugoli também conta que testemunhou casos de amigos e familiares da cantora que se afastaram dela, e de ex-funcionários que tiveram episódios de depressão por causa das humilhações que aconteciam nos bastidores. Depois do ocorrido, o produtor foi demitido.

Rodrigo Bruggermann, produtor responsável pela organização dos show de Recanto, álbum de Gal de 2011, caracteriza Wilma como 'a pior pessoa com quem lidei nesse meio'. "Além de ser grosseira, ela fazia mudanças de última hora e aplicava taxas surpresa", diz. Essa dificuldade foi algo que acompanhou a carreira recente de Gal Costa, já que, segundo a matéria, Wilma tentou diversas vezes atravancar a realização de seus shows e turnês.

Afastamento da família, relacionamento abusivo e falência

Guto Burgos, irmão de Gal Costa, era o responsável por administrar sua carreira, quando Petrillo entrou em cena. Gal, então, falou que estava na hora de trabalhar com outra pessoa e se afastou do irmão. O ano era 1997. “Foi muito estranho porque tínhamos uma amizade estreita, em todos os sentidos”, comentou Burgos.

Os interesses empresariais, além das contas domésticas, de Gal teriam ficado, então, sob os cuidados da namorada, e Gal reduziu o contato com a maioria dos amigos. O telefone fixo da nova casa estava sempre ocupado, ou encaminhava as ligações para a caixa postal.

O irmão conta que Gal já teve oito salas comerciais, uma cobertura e um apartamento, além de imóveis em Salvador, Trancoso e Nova York, mas que morreu sem nada disso. “Dói. Parece que todo o trabalho dela foi em vão”, acrescentou. Ao filho Gabriel, o ícone da MPB deixou, de maior valor, apenas um apartamento no bairro dos Jardins, em São Paulo. O imóvel foi comprado 2020 por R$ 5 milhões.

Um funcionário chamou a conta bancária da cantora de “buraco negro”. Ele conta que testemunhou uma briga do casal em 2015. "O dinheiro entra e some, as dívidas não param de chegar. Que tipo de empresária é você?", Gal questionou. "Você é uma velha, as pessoas não querem mais te contratar", rebateu Wilma.

Todos os entrevistados pela Piauí concordam que as finanças de Gal foram minadas no período em que Wilma e Gal estiveram juntas. As dívidas iam de restaurantes, a mensalidades da escola de Gabriel, a pagamentos de empregados e até à Receita Federal dos Estados Unidos, já que Wilma vendeu um imóvel em Nova York e não pagou os impostos devidos.

A médium Halu Gamashi, amiga de longa data da intérprete de Divino Maravilhoso, conta que tinha que se encontrar com a cantora em segredo, por conta do “ciúme inescrupuloso” de Petrillo. Ela relata uma ocasião, em 1995, quando foi fazer a leitura de aura de Gal antes de um show – a cantora era bastante conectada com sua espiritualidade – e ouviu Wilma perguntar se a artista não sentia vergonha por estar tão gorda. "Você está pensando que é quem, Nana Caymmi?". Gamashi diz que estranhava que Gal ficasse quieta diante dessas situações. 

Wilma Petrillo não quis dar entrevistas à Piauí contando sua versão dos fatos e bloqueou o repórter que tentou contatá-la. Seu advogado, Ricardo Kopke Salinas, mandou uma “advertência” por escrito à Piauí para que não publicasse a reportagem, sob pena de sofrer “as medidas judiciais cabíveis”.