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Entenda o Festival Folclórico de Parintins

Conheça a origem da festa do povo da floresta que coloca em disputa paixões pelos bois Garantido e Caprichoso em ilha localizada às margens do rio Amazonas

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Neste final de semana, o povo da floresta está em festa. Está sendo realizado desde sexta-feira (30) até domingo (2), o Festival Folclórico de Parintins. A celebração ocorre sempre na última semana do mês de junho e tem três noites de apresentação.

O nome da festa vem do lugar onde ela acontece – a ilha de Parintins, às margens do rio Amazonas, a 420 quilômetros de Manaus.

O festival bebe em uma rivalidade iniciada há quase cem anos, quando dois grandes grupos – os “bois” começaram a representar nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá, uma variação do bumba-meu-boi do Maranhão, que no Amazonas ganhou características próprias, incorporando as lendas e rituais das etnias indígenas e da cultura popular da Amazônia.

Desperta paixões

O internauta Diêgo Sales fez uma série de posts no Twitter para explicar o Festival de Parintins. 

À Fórum ele contou que a paixão pela festa vem desde a adolescência.

"Eu sou apaixonado por essa festa desde os 14 anos quando descobri alguns vídeos do festival no Youtube. Lembro de antes disso já ter ouvido falar do festival na escola e de ter visto alguma coisa na época que a Band fazia a transmissão nacionalmente, mas eu era muito criança e acabei deixando pra lá", recorda

Diego relembra que foi por meio de vídeos de toadas que começou a se interessar sobre o festival. "A musicalidade do festival, as toadas, foram o meu convite para eu começar a estudar e pesquisar sobre o festival", recorda.

"Especificamente as toadas do Caprichoso que me arrepiava e me emocionava. Quantas vezes já chorei ouvindo as toadas do meu boi. É uma sensação incrível que eu não consigo explicar… é magico!", revela o torcedor do Caprichoso.

Com o passar dos anos ele aprendeu mais sobre as tradições e história do festival e de Parintins. Cada documentário e leitura alimentava essa paixão. Para superar a distância, começou a interagir com alguns torcedores do Caprichoso nas redes sociais. Foi a maneira que ele encontrou de ficar mais perto dessa festa que tanto ama.

Para Diêgo, o festival é a exaltação da cultura brasileira, sobretudo a nortista. É a nossa identidade miscigenada apresentada nas três noites do festival.

"Eu como nordestino, sinto muito orgulho dos fundadores dos bois terem vindo do Nordeste e popularizado esse folguedo em Parintins. É incrível como os bois assumiram uma identidade própria incorporando a cultura, tradições e lendas dos povos da amazônia", destaca.

Ele sonha, além de ir à Parintins ver o festival, que a grande mídia possa começar a fazer a cobertura do festival nacionalmente.

"O festival tem uma importância enorme e deveria ter essa visibilidade. Enquanto isso não acontece, eu vou usando minhas redes sociais pra divulgar essa festa. É prazeroso quando alguém se interessa pelos bois, me deixa muito feliz", finaliza.

Origens da festa

O Festival Folclórico de Parintins é marcado pela diversidade da cultura brasileira, sobretudo a nortista, e tem elementos das culturas indígena, africana e europeia. A festa é tombada como Patrimônio Cultural do Brasil.

O nome do festival vem do lugar onde é realizado, a ilha de Parintins, às margens do rio Amazonas, a 420km de Manaus, capital do estado. Parintins, também conhecida como “ilha da magia”, respira arte e cultura. A cidade exportar para outros lugares do Brasil diversos artistas e tecnologia artística.

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Antes de ser colonizada, Parintins era habitada pelos povos Parintintin e Tupinambá. No período do apogeu da borracha, recebeu inúmeros migrantes nordestinos que popularizaram o folguedo do bumba meu boi na região.

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A origem do festival foi em 1913, quando os bois brincavam fazendo pequenas apresentações nas ruas de Parintins. A brincadeira se popularizou e ganhou características próprias, incorporando as lendas e rituais das etnias indígenas e da cultura popular da Amazônia.

O primeiro festival foi realizado em 1965 com objetivo de arrecadar fundos para a construção da catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins. No primeiro ano, 22 quadrilhas se apresentaram, sem a presença dos bois. Somente no ano seguinte que os bumbás participaram.

Em 1988 foi construído o Bumbódromo, com capacidade para cerca de 25 mil pessoas. A arena é dividida ao meio e nos dias da apresentação, a torcida (chamada de “galera”), fica em completo silêncio no momento da apresentação do boi adversário.

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Caprichoso e Garantido

Divulgação - Caprichoso e Garantido

O Boi-bumbá Caprichoso é representado pelas cores azul e branco e tem como símbolo uma estrela. Seu grupo rítmico é chamado de Marujada de Guerra.

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O Boi-bumbá Garantido é representado pelas cores vermelho e branco e tem como símbolo um coração. Seu grupo rítmico é chamado de Batucada.

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A rivalidade é a marca do festival. Um torcedor não costuma dizer o nome do outro boi, se refere apenas como “contrário”. Além disso, a ilha de Parintins é dividida, tendo a catedral como marco que delimita os redutos tradicionais dos bois.

Um fato curioso é que as grandes marcas costumam mudar as suas cores originais para agradar os torcedores dos bois.

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Todos os anos, os bois lançam álbuns de toadas nas plataformas de streaming com base nos seus temas anuais.

A festa

Os bois Caprichoso e Garantido se apresentam todas as três noites do evento e a ordem é definida por sorteio. Cada apresentação dura no máximo 2h30.

Os bois são avaliados a cada noite por uma comissão formada por nove jurados, que são selecionados em vários estados do Brasil. Ao total, 21 itens são julgados divididos em três blocos.

O Festival Folclórico de Parintins mais do que uma festa é a fonte de sustento de muitas famílias. Este ano, o festival deve movimentar cerca de R$120 milhões de reais na economia local, segundo a Amazonastur. Durante o festival a população da ilha costuma duplicar.

Atualmente, Parintins recebe entre 16 e 20 navios na temporada de cruzeiros marítimos que aportam no município de outubro e maio. Parintins e sua cultura popular são referência mundial da capacidade criativa da população da Amazônia.

Assista a primeira noite