Nascido em 25 de junho de 1903, Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo seu pseudônimo, George Orwell, foi jornalista, ensaísta e romancista radicado na Inglaterra que revolucionou a literatura mundial por meio de seus escritos. Ontem (25) ele completaria 120 anos de idade.
Uma curiosidade é que uma hesitação tomou conta do escritor britânico quando ele pensou em entregar, em 4 de dezembro de 1948, os manuscritos de 1984 para os seus editores da Secker & Warburg, em Londres. Ele não estava convencido de que a obra ganharia alguma fama.
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O advogado e escritor José Roberto de Castro Neves, autor do prefácio de 1984 (Nova Fronteira, 2021), diz: “Orwell escreveu seu derradeiro livro desenganado. Àquela altura, não estava preocupado com o sucesso da obra, mas com a mensagem que buscava transmitir”.
Segundo ele, a obra também não é ficcional e reflete de modo claro a repetição da história ao longo do tempo. “[...] 1984 não é ficção, mas realidade. Isso dá uma boa mostra do motivo pelo qual esse livro ainda nos emociona”. Com o que se convinha como a obra-prima de George Orwell anos mais tarde, foi identificado nele uma das melhores descrições do funcionamento das engrenagens de poder e o combate ao totalitarismo da época.
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“É sempre importante ler e reler 1984. Ainda hoje, é o romance que melhor descreve as engrenagens do poder. Avisa o leitor para ficar atento a abusos e manipulações, e mostra até onde isso pode nos levar”, alerta o jornalista e escritor Dorian Lynskey.
Ainda não há um consenso sobre o motivo de George Orwell ter escolhido o título “1984” para sua obra. No entanto, a hipótese mais aceita é a do o ano em que o livro foi concluído, 1948, decorrendo uma inversão satírica de seus últimos dois algarismos.
O que retrata '1984'
O totalitarismo é tema central da narrativa que se passa em Londres, no ano de 1984. Na história desenvolvida por Orwell, há inúmeros televisores monitorando a população e os cidadãos ficam sem direito à privacidade.
Apresentado no primeiro parágrafo como protagonista do romance, Winston Smith trabalha no Ministério da Verdade, sendo um dos funcionários responsáveis pela propaganda e reformulação do passado.
Winston ficava responsável pela reescrita de documentos antigos, a fim de que eles apoiassem o partido no poder. Para censurar, o que não pode ser reescrito é destruído, esse seria o primeiro movimento do totalitarismo.
O Grande Irmão seria regido por um ditador e líder do Partido. Na trama, ele tudo vê e controla, apesar de nunca ter sido visto presencialmente. As leis não existiam no Estado todos deveriam obedecer.
Uma mulher bem humorada com o mesmo espírito contestador de Winston, Julia, fica conhecida como a heroína da história. Ao se encontrarem, imediatamente começam a se relacionar. Então, eles conseguem trabalhar juntos ao solicitar transferência dos respectivos postos de trabalho.
No entanto, na obra distópica, Winston e Julia são postos em interrogatórios, além de serem desmascarados e presos pelo regime. Com as pressões dos interrogatórios, um acaba denunciando o outro.
Embora o final seja um tanto sombrio, 1984 traz a esperança de espírito de rebelião e progresso social contra governos repressivos, fazendo uma advertência sobre os perigos do autoritarismo e da vigilância excessiva.
O escritor e jornalista Ronaldo Bressane, autor do posfácio da edição da Tordesilhas, comparou a história ao que o Brasil vivenciou no governo anterior. “Toda semana, o ministro da Economia Paulo Guedes dizia que o Brasil estava ‘decolando’. Enquanto isso, os indicadores econômicos mostravam exatamente o contrário”.
Bressane afirma que uma das formas de manipulação é a criação de narrativas desconectadas da realidade para dispersar a sociedade da verdade: “o intuito das fake news é criar uma narrativa, uma visão de mundo, para os apoiadores de governos fascistas e autoritários acreditarem em algo que não está acontecendo, uma realidade paralela”.
*Com informações de BBC e Cultura Geinal