Tomou posse nesta quinta-feira (27) o novo presidente da Fundação Palmares. Trata-se do pesquisador na área de direito, artista e fundador do Olodum, João Jorge. Tal momento marca o fim de um período obscurantista sob o controle do fundamentalista Sergio Camargo.
Durante o seu discurso de posse, João Jorge fez questão de destacar que a "a Fundação Palmares é do povo brasileiro”. Emocionado, Jorge afirmou que o símbolo da Fundação Palmares, um machado que simboliza a justiça, voltou para a Fundação. O machado, nas religiões de matriz africana, simboliza a orixá Xangô.
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"Eu estou falando emocionado porque estive com os presidentes da Palmares e depois que cheguei em Brasília e encontrei as fotos deles jogadas em um depósito. Um funcionário me entregou os tapetes com a marca de Xangô e disse que escondeu para não jogarem fora", revelou Jorge.
Apesar do estado de ruínas ao qual foi relegado por Sergio Camargo, João Jorge está certo de que a Fundação retomará o seu caminho de valorização, proteção e disseminação da cultura afro-brasileira.
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"Nós venceremos essa luta. Somos o canto desse país, o som dos tambores desse país, as águas desse país. Nós demos a nossa civilização para essa nação", declarou o novo presidente da Palmares.
Estiveram presentes na cerimônia de posse, a ministra da Cultura Margareth Menezes, a secretária de Igualdade Racial da Bahia, Ângela Guimarães, a reitora da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) Adriana dos Santos, e as embaixadoras do Zimbábue, República de Gana e da República Unida da Tanzânia.
Obscurantismo
A Fundação Palmares foi destruída enquanto esteve sob o comando do fundamentalista Sergio Camargo, que usou do seu cargo para atacar o movimento negro e achincalhar com artistas e filósofos negros homenageados pela Fundação.
Durante a sua gestão, Sergio Camargo retirou o nome de 27 personalidades negras da lista de homenageados pela Fundação, entre eles, Benedita da Silva, Elza Soares, Conceição Evaristo, Leci Brandão, Marina Silva, Martinho da Vila, Milton Nascimento e tantas outras figuras ilustres.
Neste momento, a gestão errática de Sergio Camargo, que atentou contra o patrimônio público do Brasil, está sendo investigada pela Comissão de Ética Pública (CEP) da presidência da República.