Depois de uma gestão calamitosa do bolsonarista Sérgio Camargo, que protagonizou inúmeros ataques à cultura afro, exatamente o oposto do que o órgão deveria fazer, a Fundação Palmares, enfim, será presidida por um militante negro.
A nova ministra da Cultura, Margareth Menezes, anunciou, nesta quinta-feira (22), o escolhido para comandar a fundação. Trata-se de João Jorge Rodrigues, advogado e presidente do bloco afro Olodum. Ele terá a missão de recuperar o órgão de promoção da cultura afro-brasileira, que está totalmente sucateado.
“Anuncio João Jorge, presidente do bloco Olodum, para a presidência da Fundação Palmares. Ele vai resgatar a fundação que foi depredada fisicamente e internamente no último governo”, destacou a ministra.
Rodrigues tem um perfil completamente diferente do antecessor. É filiado ao PSB, tem uma longa trajetória no movimento antirracista e já participou de inúmeras campanhas nacionais e internacionais de defesa e promoção do povo negro brasileiro.
O novo presidente da Fundação Palmares é considerado uma referência do movimento negro. Além de presidente do Olodum, Rodrigues é mestre em Direito pela Universidade de Brasília e membro do conselho da Empresa Brasileira de Comunicação. Recentemente, foi escolhido para integrar a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil na condição de membro consultor.
Rodrigues falou sobre a importância do Olodum em entrevista ao site da Fundação Palmares, em 2019
Em entrevista ao site justamente da Fundação Palmares, por conta dos 40 anos de fundação do Olodum, em 2019, ele disse o seguinte, sobre o grupo e o movimento negro:
“A vivência da dura realidade social e a existência da discriminação racial transformaram-se na essência e na inspiração do protesto; a busca pela afirmação das raízes pluriculturais fez com que a cada ano o Olodum levasse os foliões a uma viagem, contando a história do seu novo povo, a história do samba-reggae, a história dos ritmos mágicos, a história do movimento negro na Bahia e no Brasil, a história dos moradores do Maciel/Pelourinho, enfrentando de cabeça erguida a discriminação sociorracial, levando a toda sociedade – seja pelo trabalho contagiante do Carnaval – a consciência da origem africana e a necessidade da luta pela justiça social, pela liberdade e pela democracia. É a história de um bloco que fez do Carnaval a oportunidade de unir a sociedade em torno da expressão da cultura afro-brasileira”.
O Olodum foi tombado pela ONU como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Bahia e se tornou uma das mais importantes expressões da cultura afro.