Há nove anos, no dia 8 de março de 2014, o Boeing 777 da Malaysia Airlines, que fazia o voo MH370, entre as capitais da Malásia, Kuala Lumpur, e da China, Pequim, desapareceu com 239 pessoas a bordo. O caso nunca foi desvendado.
Ao longo de quase uma década, as teorias da conspiração sobre o que é considerado um dos maiores mistérios da aviação, proliferaram. Uma delas utiliza elementos da geopolítica global atualíssimos: a guerra pela hegemonia tecnológica entre as duas maiores potências mundiais, China e Estados Unidos.
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Essa hipótese é uma das que aparecem na recém-lançada série documental da Netflix, Voo 370: O Avião Que Desapareceu, que narra a história e os mistérios relacionados à aeronave que sumiu em pleno voo.
A produção da britânica RAW TV tem três episódios com 90 minutos de duração cada. Com direção de Louise Malkinson (The Gift of Life), o documentário é ambientado em sete países e contém entrevistas com familiares das vítimas e especialistas para discutir sobre as possíveis causas do desaparecimento misterioso do Boeing 777-200, modelo responsável pela viagem.
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Conspiração e forças armadas dos EUA
Sem uma conclusão oficial, restam apenas as muitas teorias da conspiração sobre o que pode ter ocorrido com o Boeing 777 naquela madrugada de 8 de março de 2014. Uma delas é da jornalista francesa Florence de Changy, que desde 1991 é correspondente na região da Ásia e Pacífico para veículos franceses, como Le Monde, Radio France e o canal de TV F24.
No livro "The Disappearing Act" (O Ato do Desaparecimento, em tradução livre), Florence, que participa da série documental da Netflix, sustenta que os EUA teriam abatido o avião por um caça, um míssil ou uma nova arma a laser que estaria sendo testada naquele momento. No momento que a aeronave desapareceu, afirma a jornalista, as forças armadas estadunidenses realizavam exercícios militares na área.
Outro fato que a francesa aponta para reforçar a sua tese é a de que havia uma carga no MH370 com dispositivos eletrônicos misteriosos que não foram escaneados antes de serem embarcados para Pequim. Ela sugere que se tratava de tecnologia de vigilância que iria para a capital chinesa.
Nove anos depois, a tensão entre as duas potências mundiais só aumenta e tem como ponto central justamente a disputa pela vanguarda tecnológica.
Logo após o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines, uma das teorias da conspiração mais famosas da época foi a de que o avião teria pousado em Diego Garcia, ilha britânica no Índico onde há uma base dos Estados Unidos. O avião e as 239 pessoas a bordo estariam escondidos por lá. Com a difusão dessa teoria, o governo estadunidense teve de se manifestar oficialmente, negando a hipótese.
Envolvimento russo
Cerca de três meses após o desaparecimento do voo MH370, em 2014, um outro avião do mesmo modelo e da mesma companhia foi abatido por um míssil russo na Ucrânia. O voo de passageiros MH17 foi abatido sobre o leste do território ucraniano, onde fica a Crimeia, em 17 de julho daquele ano, matando todos os 298 passageiros e tripulantes.
Esse episódio reforçou uma das teses sobre o desaparecimento do voo 370 que é abordada pela série documental da Netflix: a de que espiões russo a bordo da aeronave teriam sabotado o avião, que foi derrubado.
Na época, a área onde o MH17 caiu era palco de combates entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas, precursoras do conflito que já dura mais de um ano.
As informações oficiais
O que se sabe oficialmente é que cerca de 40 minutos após a decolagem os pilotos fizeram o último contato com o controle de tráfego aéreo da Malásia, mas, diferentemente do que deveria ter ocorrido, não acionaram o controle do Vietnã, onde o avião deveria sobrevoar na sequência. O avião também parou de emitir informações detalhadas de sua localização aos radares.
Ainda assim, sinais do Boeing 777 puderam ser detectados por um radar militar. Esses sinais indicam que o avião fez uma curva à esquerda, voando em direção ao estreito de Malaca e depois em direção ao sul, saindo completamente da rota original para Pequim, que fica ao norte da Malásia.
O avião teria seguido essa rota por mais de sete horas até ficar sem combustível e cair no mar. As correntes marítimas teriam levado os poucos destroços do avião até a costa leste da África.
Em um relatório de 440 páginas divulgado em 2017, o Escritório de Segurança de Transporte da Austrália concluiu que é "inconcebível na era da aviação moderna em que 10 milhões de passageiros embarcam em voos comerciais todos dias que um grande avião comercial esteja desaparecido".
"As razões para o desaparecimento do voo MH370 não podem ser determinadas com segurança até que a aeronave seja encontrada", disse o relatório. E como o Boeing 777 nunca foi achado, o mistério segue vivo nove anos após seu desaparecimento.
A série
A série documental da Netflix reúne especialistas, familiares, jornalistas e até teóricos atraídos pelo caso para contar detalhes sobre o Voo 370 da Malasya Airlines. Cada um dos três capítulos explica detalhes importantes relacionados ao mistério.
O primeiro episódio, "O Piloto", investiga a vida pregressa e as habilidades do piloto Zaharie Ahmad Shah, principal suspeito. Em "O Sequestro", entrevistados analisam a teoria do avião ter sido derrubado por grupos militares ou terroristas. No terceiro e último episódio, "A Interceptação", outra teoria analisada é de que o Boeing carregaria uma carga suspeita fora do conhecimento dos tripulantes.
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