ECONOMIA DO CUIDADO

Filmes brasileiros refletem a desigualdade de gênero no trabalho doméstico

Tema da redação do Enem coloca em pauta a sobrecarga invisível de mulheres brasileiras cuidadoras dos filhos e casa, reféns do machismo estrutural

Mulheres ficam sobrecarrregadas com atividades domésticas no país. Trabalham 8h a mais que homens.Créditos: Divulgação
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Neste domingo (5), aconteceu o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o tema da redação 2023 foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.” O assunto suscita um amplo debate sobre a falta de valorização e compreensão dos trabalhos de cuidado, incluindo o cuidado com os filhos e e da casa. Isso acaba impondo uma dupla jornada às mulheres, que sofrem com a sobrecarga do cuidado, encarada como algo comum e naturalizado no país.

Segundo um estudo realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), as mulheres continuam sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e de cuidado com as pessoas, dedicando a essas atividades aproximadamente 8 horas a mais por semana em comparação aos homens. De extrema relevância, o tema revela esse abismo que torna invisível o trabalho diário de mulheres, com múltiplas funções.

Há produções cinematográficas que retratam de forma clara essa situação, com grande papel educativo. Por isso, a Revista Fórum selecionou filmes nacionais que explicam os mecanismos do machismo estrutural e a superexploração de mulheres sob a função do cuidado nas casas brasileiras. Veja a seguir:

Que horas ela volta? - 2015

Créditos: Divulgação

Produzido pela diretora Anna Muylaert e protagonizado por Regina Casé, o filme conta a história da pernambucana Val que decidiu se mudar para São Paulo com o objetivo de oferecer uma vida melhor para sua filha, Jéssica. Passados alguns anos, a filha entra em contato por telefone expressando seu desejo de ir à cidade para prestar o vestibular em Arquitetura. Os empregadores de Val recebem a jovem, no entanto, se incomodam com o comportamento de Jéssica e geram complicações nas relações entre as duas.

O trabalho doméstico realizado por Val é o foco de toda a trama: ela fica sobrecarregada com as tarefas da casa, faz além do que os chefes pedem e cuida em grande parte do tempo do filho deles e sofre discriminação social.

Central do Brasil - 1998

Créditos: Reprodução

O filme brasileiro lançado em 1998, sob a direção de Walter Salles, produzido pela VideoFilmes e escrito por João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, tem como protagonistas Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira. Situado no Brasil, a trama se concentra em Dora, uma professora aposentada que trabalha como despachante na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Dora se torna responsável por cuidar de Josué, cuja mãe morreu atropelada por um ônibus.

Minha Mãe é uma Peça - 2013

Créditos: Divulgação

Outro filme é "Minha Mãe É Uma Peça", estrelado pelo falecido Paulo Gustavo. No enredo, Dona Hermínia é uma mãe superprotetora que cuida dos dois filhos adultos, Marcelina e Juliano. Ela se sente sobrecarregada com as responsabilidades da maternidade e tenta encontrar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

A vida invisível - 2019

Créditos: Reprodução

O filme conta a história de Eurídice e Guida, duas irmãs que vivem no Rio de Janeiro nos anos 1950. Eurídice é uma pianista talentosa, mas ela é obrigada a desistir de seus sonhos para cuidar da família. Já Guida, é uma mulher independente, mas ela é forçada a se casar com um homem que não ama. As duas irmãs enfrentam uma série de desafios, incluindo a opressão patriarcal e a violência doméstica.

Domésticas, O Filme - 2001

Créditos: Reprodução de vídeo

O filme trata cinco mulheres em destaque no filme "Domésticas - O Filme": Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo. Uma delas deseja se casar, outra, embora casada, sonha com um marido melhor. Uma aspira a ser atriz de novela, enquanto outra acredita que sua missão na Terra é servir a Deus e à sua patroa. Todas têm sonhos singulares, no entanto, compartilham a mesma realidade: trabalham como empregadas domésticas. A trama dá ênfase em questões como equidade de gênero, raça e classes sociais, entrelaçadas no trabalho dessas mulheres.