IA E BEATLES

"Now and Then": Ringo Starr diz por que voz de John Lennon não foi criada do zero com IA

Considerada última música dos Beatles, canção teve lançamento inédito após mais de 40 anos

Ringo Starr e Paul McCartney foram os responsáveis pela finalização da canção.Créditos: Reprodução
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A criação de "Now and Then" remonta a uma gravação dos anos 1970 deixada por John Lennon, que foi posteriormente descoberta por sua viúva, Yoko Ono. A demo de John Lennon foi inicialmente trabalhada em 1995 por Paul, Ringo e George (1943-2001) como parte do projeto The Beatles Anthology. No entanto, a faixa permaneceu inacabada devido aos desafios tecnológicos relacionados à gravação vocal deixada por John em fita.

A partir dessas fitas, surgiram as faixas "Free as a Bird" e "Real Love", lançadas na coletânea "Beatles Anthology" em 1995. Os três Beatles sobreviventes colaboraram no estúdio com o produtor Jeff Lynne, membro da Electric Light Orchestra e colega de George no prestigiado projeto The Traveling Wilburys, ao lado de figuras como Bob Dylan e Roy Orbison. Entretanto, as limitações tecnológicas da época impediram o isolamento e a integração da voz e do piano de "Now and Then" com outros instrumentos para um lançamento profissional.

Durante uma entrevista à revista AARP, Ringo abordou a questão do uso de inteligência artificial na canção, especificamente na voz de John Lennon. De acordo com o baterista, a IA foi empregada para aprimorar uma gravação real da voz de John Lennon, não para criar uma voz do zero e desmentiu o que ele descreveu como "rumores terríveis" relacionados a nova música dos Beatles.

"Houve rumores terríveis de que não é John, é IA, qualquer que seja a besteira que as pessoas disseram", disse Starr à AARP . "Paul e eu não teríamos feito isso. É uma música linda e uma ótima maneira de finalmente fechar essa porta", afirmou o ex-beatle.

Em várias entrevistas diferentes, Ringo Starr e Paul McCartney destacaram que a voz de John Lennon é original e que, no entanto, só foi limpada pela IA. Para a Variety, ele afirma: "Não se resume à inteligência artificial", disse Starr à revista americana. "Não estamos fingindo. É a voz do John, a voz e o baixo do Paul, a guitarra do George e minha bateria. Duas coisas novas são o baixo do Paul e minha bateria. Eu trabalhei nisso há poucos meses. E funciona”.

Já para o jornal O Globo, Paul McCartney explica que o algoritmo foi utilizado para isolar a voz e torná-la mais audível. "Uma coisa é você usar a inteligência artificial para fingir que é a minha voz cantando “God only knows”, e há muito disso na internet”, diz o compositor. “Outra coisa é usá-la para limpar tecnicamente algumas gravações, e isso é muito bom. Os técnicos foram capazes de isolar a voz, então parecia que tínhamos voltado para a gravação original. Foi ótimo, tínhamos a voz de John muito clara e bonita”.

Ainda à Variety, Starr lembrou que esse momento será o primeiro e único dos Beatles. "O Paul deve ter tido algum dia parado e me perguntou se eu lembrava da música e se gostaria de trabalhar nela, é emocionante porque os quatro estão ali e isso nunca mais vai acontecer”, disse ele.