Uma pesquisa realizada pela empresa Anjuss, em parceria com influenciadores digitais, mostrou que os brasileiros consideram a dança como uma forma de resistência e luta social. O estudo contou com mais de 2 mil respostas e a participação de pessoas de diversos estados do Brasil.
A arte sempre esteve relacionada com a representação da cultura, situação política e contextualização social da época em que é produzida. Embora, muitas vezes, a dança não seja tão valorizada quanto outras criações artísticas, ela revela muito mais do que se sabe sobre determinados grupos sociais.
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Segundo a pesquisa da Anjuss, 77% dos brasileiros vêem a dança como um ato simbólico sobre resistência e luta contra o preconceito. Os movimentos utilizados são empregados não apenas como uma expressão corporal, como também como representação do sentimento e da vivência do dançarino.
Não é à toa que danças contemporâneas, como o Hip Hop, surgiram nas ruas dos subúrbios de grandes cidades, sendo comumente interpretada e apreciada por pessoas socialmente marginalizadas, no início.
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Muito mais do que uma vertente na dança, criada para expressar um novo gênero musical na década de 1970, o Hip Hop transmite um discurso ao romper e atingir a grande mídia: a valorização de uma cultura que era constantemente reprimida e desvalorizada pelas grandes massas.
No Brasil, o funk e o rap têm um papel similar. Embora grande parte da elite brasileira deprecie a qualidade dessas produções e ataque a dança sensual que acompanha as canções, ambos os gêneros servem como veículo para denunciar diversos problemas sociais enfrentados pela população.
O crescente espaço que essas danças e demais expressões artísticas ganham na mídia brasileira e internacional, marca o uso da arte para expandir a voz da periferia e trazer visibilidade para pautas, muitas vezes, esquecidas. Além disso, as coreografias são carregadas de significados e referências a movimentos artísticos inovadores do passado, como o Jazz e o Blues.
Thiago de Souza, professor de música clássica e doutorando em música da Universidade de São Paulo, costuma abordar a temática em seus vídeos e apontar todo o significado de artistas periféricos que atingiram o mainstream. Ele menciona um pouco sobre "colonialismo estético" e como ele afeta a indústria musical e artística no Brasil.
"A ideia que separa 'música boa' e 'música ruim' vem de um colonialismo estético e, como todo colonialismo, traz também racismo, machismo, elitismo e heteronormatividade. É por isso que quem faz essa distinção [...] é sempre alguém muito conservador", explica Thiago.